para ler ouvindo pynk - janelle monáe feat. grimes
Quando estourou a onda #barbiecore em algum momento dos últimos dois anos, não foi difícil diagnosticá-la como um sintoma da nossa busca por conforto em meio ao caos e à destruição inevitável. Antes mesmo que qualquer imagem do filme fosse divulgada, já existia um movimento na moda a favor do exagero e da diversão, com cores brilhantes, aplicação de plumas, estampas e combinações pouco convencionais — uma reação aos anos de pandemia, uma celebração à vida fora de casa e também um visual que fala a mesma língua dos algoritmos das mídias sociais.
A dopamina que deu nome à tendência vem tanto do efeito de usar roupas divertidas como também da economia de atenção que ela faz girar. Mas divago.
Pierpaolo Piccioli, estilista responsável pela famigerada coleção rosa choque do Valentino, defende que a cor, que acabou virando símbolo da moda dopamina, funciona como uma manifestação do inconsciente e uma liberação da necessidade de realismo. Sinto que crescer nos anos 90 e 2000 é uma experiência de imersão gradual no realismo em suas mais variadas formas, num eterno desencontro entre o que imaginamos que seria a vida e a vida de verdade.
Talvez isso seja apenas a experiência de crescer, independentemente da geração, mas a nossa geração foi especialmente marcada por fenômenos como versões realistas e sombrias de clássicos da infância, do cinismo generalizado, da queda dos heróis e exaltação dos antiheróis, imagens de alta resolução e efeitos especiais cada vez mais sofisticados contra cenários feitos de papelão e isopor. Tudo isso aliado ao colapso da civilização. Normal.
O espetáculo, por sua vez, fica a cargo da vida encenada nas redes, no Instagram, com mediação de marcas e big techs, e é tudo tão triste e vazio. Mais do que isso: é tudo tãããããoooo feiooooooo.
Mas, por mais que seja impossível dissociar o #barbiecore do seu aspecto mercadológico, fui pega de surpresa pela satisfação profunda, pessoal, que senti diante dessa liberação do realismo que o figurino do filme me ofereceu.
Continue a leitura do outro lado da rua, na minha outra newsletter!
HA! Achou que eu tinha autoestima o suficiente para monetizar meus conteúdos, né? Que nada. A versão completa desse texto pode ser lida na íntegra, de graça, em
, minha newsletter de belezinhas.Não sei o que acontece comigo que, no meio de um texto que era pra ser sobre roupas, eu acabo escrevendo coisas como “economia de atenção”, “cinismo generalizado”, “colapso da civilização” e “vida encenada nas redes”. Achei que combinava com Meus Temas do lado de cá, então decidi compartilhar aqui também e convidar vocês a ler o texto em que conto como o filme da Barbie curou a minha dissonância cognitiva.
Do you guys ever think about dying?
Hello stranger, como vai você?
Vários assinantes novos chegaram aqui desde a última edição graças às indicações chiques e gentis que recebi de pessoas que acompanho aqui há séculos, que escrevem coisas que eu adoro e que fazem curadorias de conteúdo que, confesso, já fantasiei uma vez ou outra em ver meu nome no meio de outras tantas boas indicações. Esse momento é meu!
Fica aqui meu muito obrigada para Vanessa Guedes, Bárbara Bom Ângelo (que também está lendo Poderoso Chefão!!), Luisa Pinheiro (sdds amiga) e Davi Rocha e as boas vindas para quem confiou na dica e topou sentar no recreio junto comigo. Eu ando muito carente.
Aproveito para devolver o carinho e deixar essas leituras como recomendação a quem ainda não acompanha esses ícones:
- : Uma pessoa dramática
- : Caçar a si mesma
- : Corpo e espaço
- : 6 assuntos que sozinhos não rendem uma newsletter
Um obrigada especial também para todo mundo que tirou um tempinho para comentar o texto e dividir histórias comigo. Quero muito responder todo mundo com calma, mas não poderia deixar de dizer como foi especial ter esse retorno. Estou me sentindo uma pessoa na internet de novo!!!
Aliás, essa edição meio sem pé nem cabeça foi totalmente patrocinada por essas interações: os últimos dias foram bem #desafiadores no quesito saúde mental por aqui e não sobrou energia para fazer muito mais do que dissociar pensando em roupas bonitas graças ao filme da Barbie. Mas como a Luisa escreveu que estou “numa nova temporada” da minha newsletter (e eu achei tão chique que não quis contrariar), vim dar esse alô para não romper com a periodicidade e correr o risco de mais alguns meses de jejum de escrita.
Como sempre, obrigada pela companhia e por chegar até aqui. Nos vemos em breve!
Don’t be a stranger.
Com carinho,
Anna Vitória
ahhh obrigada você pelo carinho da indicação por aqui <3
sempre muito bom te ler ;)