Hello stranger, como vai você?
Tenho bastante coisa pra dividir contigo essa semana, entre coisas que li na internet que me fizeram pensar, perder muito tempo e viajar dentro da minha própria cabeça, coisas que eu deveria ter falado semana passada e esqueci completamente (a começar pelo título da edição, que era pra ser Sol que me faltava), uma novidade linda que nem acredito que posso finalmente compartilhar com você e com o mundo, e nosso tatibitate de toda semana, com disquinhos, links e tudo que há de bom (ou não). Vai ser grande, então não precisa encarar tudo de uma vez. Take your time. Desculpa. Vamos lá?
Mas antes:
1) Você sabia que, de acordo com o dicionário, tatibitate é o nome que se dá ao modo de falar trocando as letras, tipo crianças dizendo 'papato' em vez de 'sapato' e por aí vai? Sempre associei essa palavrinha a algo como blablabla ou lero-lero, mas esse significado aparece apenas no Dicionário Informal, e ainda assim é o segundo registro. O terceiro, curiosamente, é "Palavra que indica um conjunto de sons, ou apenas uma sonoridade para fazer rima", por exemplo:
"Tatibitate, lá vem o chocolate"
O que prontamente me fez lembrar daquela canção de outros carnavais, Maionese, da saudosa Banda Beijo (por onde anda?). A vida inteira cantei "bate, que bate lá vem o chocolate", o que não muda o fato de que a letra continua não fazendo sentido (e agora todo mundo vai passar o resto de dia com essa música na cabeça).
Já de acordo com meu super Dicionário Analógico da Língua Portuguesa, tatibitate aparece associado à gagueira, locução imperfeita, e também como expressão popular relacionada a irresolução, que acho que é o significado mais parecido com o que procuro aqui. =)
2) Eu AMO a palavra miscelânea. Quando era mais nova (bem mais nova, tipo 10 anos de idade) o site da Sanrio era um dos meus passatempos favoritos na internet, principalmente a lojinha. 10 anos de idade e a pessoa já se divertia enchendo um carrinho virtual de coisas que ela nunca iria comprar. Eu ficava vendo mochilas, cadernos, adesivos e papéis de carta e o site tinha uma categoria de produtos variados, etiquetados como misc, derivado de miscellaneous. Fiquei um pouco decepcionada ao descobrir que uma palavra tão bonita significava algo tão banal quanto VARIADO. Ela vem do latim, com origem registrada no século XVII, das palavras miscellus (misturado) e miscere (misturar). Continua sem graça, mas isso não me impede de continuar achando miscelânea uma palavra muito chique que estou feliz de utilizar como título da nossa 15ª (!) edição.
(Me empolguei um pouco aqui, é que eu realmente gosto de dicionários)
Folia dos nomes
Quarta-feira minha timeline foi tomada por pessoas enlouquecidas pelo levantamento inédito de nomes dos brasileiros que o IBGE lançou com base no censo de 2010. O projeto se chama Nomes do Brasil e através dele você pode pesquisar seu nome e consultar um monte de dados legais com relação a ele, tipo a frequência com que ele apareceu ao longo dos anos, em quais estados ele é mais comum e até suas variantes bizarras. Eu fiquei enlouquecida.
Essa coisa de nome é um assunto que me encanta desde muito criança, porque eu odiava o meu. A história do meu Anna Vitória (com-dois-N-acento-e-sem-C) é assim: meu pai desde que era bem novo sabia que teria uma filha, e que ela seria menina, e que ela ia se chamar Anna Vitória com-dois-N-acento-e-sem-C. De onde ele tirou isso? Bom, não sei. Existiu uma Ana Vitória na minha família, há várias gerações, mas acho que ela não teve muita relevância na escolha porque escuto essa história do sonho do meu pai desde sempre, mas só fui descobrir a outra™ lendo lápides no cemitério no jazigo da família. Aquele jeitinho gostoso de se encontrar.
Mesmo com essa história fofa (fala sério, meu pai é muito fofo), por anos eu odiei meu nome. Eu achava que Anna não tinha nada a ver com Vitória. Anna-Vitória. Não me parecia certo. Por que não Anna Clara? Anna Laura? Anna Luisa? Ou melhor, por que não MARIA LUISA? Minha mãe conta que antes de conhecer meu pai ela pensava que se tivesse uma filha ela chamaria Maria Luisa, e eu ficava gente!!! Isso é um nome de verdade!!! Meu apelido poderia ser MALU. Malu é lindo!!! WHYYYYYYY então é por isso que eu pensava muito sobre nomes, eu queria saber o nome das pessoas, queria saber por que elas tinham aquele nome, se gostavam, qual o significado e como elas queriam se chamar caso pudessem escolher (inclusive, sim, isso é uma pergunta pra você). Meu sonho era comprar aqueles dicionários enormes com significado de nomes e ficava sentada no canto da livraria com ele no colo por horas. Eu tinha uns 8 anos e poucos amigos.
Hoje eu gosto bastante de Anna Vitória e acho que só realmente me dei conta disso quando na nossa sabatina o Gustavinho, meu primo perguntador, perguntou qual nome eu gostaria de ter que não o meu. Eu realmente não soube responder. Nem é como se agora eu achasse Anna Vitória lindo de morrer e uma combinação super coerente, é só que acho muito meu, como se finalmente tivesse me apropriado dele. Acho que é por isso, aliás, que eu fico tão puta quando erram meu nome, o que acontece bastante.
*pausa obrigatória pra ouvir Destiny's Child*
O mais comum é errarem a grafia (Ana ou o estranho fenômeno das pessoas que assumem que só porque é Anna-com-dois-N, vai ser Anna Victória-com-C -- se eu falei que tem dois N eu iria falar se tivesse o C, prestenção) (depois de dois anos trabalhando diretamente comigo, em projeto de iniciação científica e TCC, minha orientadora conseguiu mandar um ANNA VICTÓRIA no registro da minha monografia) (como lidar com gente que te manda mensagem no Facebook e escreve o nome errado??? amigo, tá literalmente do seu lado escrito bonitinho A N N A V I T Ó R I A, você me respeite), mas tem aqueles que insistem em me chamar de VITÓRIA.
Nada contra, inclusive tenho amigas que, mas não é meu nome. Simples assim. Vitória não é apelido, eu não me apresentei como Vitória pra você, então não tem motivo pra me chamar de Vitória. Mas as pessoas chamam. Eu já tive CHEFES (sim, no plural) que me chamavam de Vitória, já pensou no constrangimento que era isso? Uma delas foi num trabalho que fiz junto com meu amigo Victor e não satisfeita em me chamar de Vitória, ela fazia questão de escrever Victória. Então éramos uma dupla dinâmica, Victor & Victória, e eu queria morrer sempre que ela dizia isso (jamais vou entender como uma pessoa que mandava e-mail e falava no Facebook quase todo dia com ANNA VITÓRIA (TÁ ESCRITO!!!) conseguia sistematicamente me chamar de VICTÓRIA). Outra coisa que acontece é me chamarem de Anna Carolina (???). Acontece MUITO, cê não faz ideia. Ainda não encontrei o ponto de intersecção entre Carolina e Vitória, mas já aprendi que a cabeça do ser humano opera de formas que às vezes é melhor deixar pra lá. O fotógrafo do lugar onde eu trabalho só me chama de Anna Carolina (não tem nenhuma outra Anna Carolina na firma) e no início eu fingia que não era comigo pra ver se ganhava algum respeito, mas fazer ele se ligar que esse não é meu nome consegue me desgastar (e constranger) mais, então agora atendemos também por Anna Carolina.
Minha avó, aliás, me chama de Carolina desde que eu nasci, mas é porque minha tia se chama Carolina e vó pode fazer o que quiser dos nossos nomes (ela já chamou o Gustavinho de Piche - nome do cachorro - mais de uma vez) (e vice-versa).
Hoje em dia eu costumo me apresentar como Anna, porque aí quando a pessoa descobre o Vitória o primeiro nome já foi fixado na mente e evitamos a fadiga. Não acho ruim quando me chamam de Anna Vitória e passei da fase de achar que quem me chama assim está bravo ou falando muito sério. Às vezes até parece mais carinhoso - por eu me apresentar mais como Anna, Anna Vitória parece quase íntimo. Tenho amigos que só usam o Anna Vitória, tipo a Flahana (Flahana!!!), que às vezes também me chama de demônia.
Esse monte de confusões me deixaram com uma certeza na vida: meus filhinhos não vão passar por isso. Eu sou dessas que desde sempre pensa no nome dos filhos e já faz alguns anos que na minha cabeça e no meu coração existem a Helena e o Davi. O principal motivo para ambos é porque eu acho bonito, simples e chique (eu gosto de coisas chiques), vou ter que inventar algum significado poético e profundo depois. Há pouco tempo venho pensando se Davi deveria virar Levi, primeiro porque já faz uns anos que Davi aparece nos primeiros lugares naqueles rankings de nomes mais populares, e você me desculpe mas eu sou diferentona mesmo. E tem isso de Levi ser singelo e misterioso (e talvez tenha algo a ver com o personagem de Fangirl e o fato dele ser o cara mais doce do mundo). Helena também às vezes teima em ser Elena (#ferrantefever), porque acho mais bonito graficamente (?), mas não sei se quero submeter minha filhota a uma vida de Elena-sem-H toda vez que for dizer o nome pra alguém.
Bom, tenho aí alguns anos pra resolver essas questões.
Sei que eu e minhas amigas somos meant to be porque esse papo de nomes é uma constante no nosso grupo. Tão constante que é quase uma editoria, a Folia dos Nomes. O mais engraçado é que a gente discute sempre as mesmas coisas e nunca deixa de ser legal. Você sabe que encontrou suas pessoas no mundo quando sua amiga também era do tipo que SONHAVA em poder nomear todos os personagens de novela e ficava muito frustrada quando a mocinha tinha nome feio (beijo, Analu!). Eu mudava o nome até dos personagens dos problemas de matemática (!) que a professora passava na escola. Joãozinho ia comprar laranjas na feira fazia várias operações matemáticas, aí eu levantava o dedo e perguntava se podia mudar o nome do Joãozinho. A professora não entendia nada. No meu caderno não tinha espaço pra Joãozinho, mas tinha um monte de Scarlets (eu tive uma fase muito intensa de Scarlet, minhas Barbies todas chamavam Scarlet e sim, era por causa da novela A Indomada) (curiosamente, tenho uma vizinha que se chama Scarlet e eu tenho certeza que é por causa da novela), Julianas, Gabrielas, Claras e Catarinas. Todas meninas, pois feminista desde sempre.
Nome de personagem é outra coisa curiosa. Estou escrevendo uns troços aí e o início foi super difícil, mais difícil que todos os inícios, porque minha protagonista não tinha nome. Não conseguia achar o nome certo pra ela, nada do que eu pensava parecia ser adequado, foram meses (sim) pensando até que de repente nasceu. Simplesmente era aquilo. Existe uma justificativa mais ou menos lógica pra ele, mas dentro dessa justificativa caberiam vários outros nomes, não sei determinar o que fez dele o que escolhido. O ~livro~ que escrevi aos 11 anos (já falei sobre ele aqui) tinha uma protagonista Alessandra, o que é bastante curioso já que nem é um nome que eu gosto tanto assim. As irmãs dela eram Raquel e Helena (!), e a melhor amiga, Geórgia. Helena já apareceu em outra ficçãozinha que escrevi na adolescência, besta que só, mas minha favorita de todas. Acho que tenho síndrome de Manuel Carlos (aliás, você já viu a esquete das Helenas do Tá No Ar? É impagável!).
***
Infelizmente não dá pra consultar nomes compostos no site do IBGE, então nunca vou saber quantas Anna Vitórias existem registradas por aí. Na vida eu já conheci uma, e era Ana Vitória. O Anna-com-dois-N começou a se popularizar nos anos 80 e entre 90 e 00' atingiu seu ápice, provavelmente crescendo. Entre Annas e Anna-alguma-coisa, é o 273º nome mais popular do Brasil, o que meio que justifica a dificuldade das pessoas em assimilar a grafia.
E se está difícil pra mim, o que dizer das pobres Aanas e Anaas que existem por aí? Sempre dá pra ser pior (existem 183 homens registrados como Anna, que a paz do Senhor esteja com eles). Eu poderia, por exemplo, morar no Pará, onde a cada 100k pessoas, apenas 12,85 se chamam Anna. O estado com maior incidência do meu nome, por sua vez, é, ÓBVIO, o Rio de Janeiro -- mais uma evidência incontestável da minha alma carioca.
Já que eu comecei a newsletter falando sobre dicionários e significados, vou encerrar com a curiosidade: Anna é um nome de origem hebraica (AMO) e é uma derivação de Hannah, que significa cheia de graça. Segundo o Dicionário de Nomes Próprios (outra cocaína para viciados em nomes), foi um nome bastante comum no Império Bizantino e na Idade Média, ficando popular entre os cristãos por causa da Santa Ana. No século XIX lá na Rússia (AMO A RÚSSIA) Anna foi um nome incrivelmente popular por motivos de Anna Karenina, que é um dos meus livros favoritos que eu inclusive estou relendo em doses homeopáticas. Demais né? Se existisse um projeto Nomes da Rússia (que seria realmente incrível, pois eita povo de nome doido) o gráfico de Anna ia sofrer uma ascensão meteórica por volta de 1870.
Já Vitória significa bebê encontrado no lixo vitória (!). Sem muitas surpresas por aqui. O dicionário interpreta An(n)a Vitória como graça vitoriosa ou vitória da graça, mas aí já acho que é pura retórica.
Agradeço ao senhor Oséas Vitorino pela efusiva participação
Don't listen to me, I'm a Claire
Um dos vários sinais de que Elizabethtown é um filme feito pra mim é que numa das cenas e personagem da Kirsten Dunst (sim, aquela que fez nascer o termo manic pixie dream girl) diz pro Orlando Bloom que estuda nomes e pergunta um pouco sobre os nomes importantes da vida dele e fala sobre alguns padrões de comportamento baseados nesses nomes ("Never met a Mitch I didn't like", "Phils are dangerous").
Pensando nos ~nomes da minha vida~, cheguei a alguns padrões curiosos: tenho várias amigas Anas, já tive duas Maysas e uma Anaisa (pronuncia-se Ánaísa), sempre muito próximas. Anaisa é minha melhor amiga da escola, e Maysa uma das minhas melhores amigas da faculdade. Maisa foi minha primeira amiga (provavelmente a única) do jardim de infância. Meus pais até hoje têm dificuldade em saber se estou falando da Maysa ou da Anaisa. Também tenho um número considerável de amigas com nomes pouco comuns: Taryne, Rinna e Flahana. A maioria das pessoas acha estranho quando eu falo, mas me acostumei tanto que acho super normal e bonito. A Flahana tem as melhores histórias de nome, um dia peço pra ela fazer uma participação especial aqui e contar algumas.
Para meninos, acho curiosa a história dos Lucas. Todos que conheci até hoje meio que seguiam um padrão: garotos que davam trabalho, muito caras de pau, ridículos às vezes, mas impossível não gostar deles, gostar muito inclusive, quase de graça. Esses dias conheci um Lucas no Tinder e achei impressionante a forma como só por algumas mensagens deu pra perceber que ele se encaixava no estereótipo. O dia que ele me mandou mensagem de madrugada cobrando um presente (era aniversário dele) e eu achei tosco, mas ao mesmo tempo besta de um jeito fofo, tive certeza: ele realmente era um Lucas.
Quando era mais nova, por motivos inexplicáveis, gostava de Marcelos (meu crush do maternal, com quem fiz birra pra dançar quadrilha, era Marcelinho), Ricardos, Felipes, Leonardos e Gustavos. O dia que beijei um Leonardo foi uma vitória pessoal pela Anna Vitória de 13 anos e eu e Ricardo quase chegamos lá, mas a vida não colaborou. Meu pai insistia em chamar um namoradinho meu de Ricardinho (até na frente dele), ainda que o nome dele não tivesse nada a ver com isso.
Aphantasia
Outro texto que explodiu minha cabeça essa semana foi o relato do Blake Ross, um dos criadores do Firefox, que recentemente descobriu que a maioria das pessoas consegue projetar imagens na mente - coisa que ele não consegue fazer!!! Blake consegue pensar em conceitos, mas não "enxergar" um rosto, uma paisagem, qualquer coisa. Ele pensava que funcionava assim pra todo mundo até topar com um artigo que falava sobre um homem que tinha perdido a capacidade de formar imagens mentais depois de uma cirurgia. Pra ele, digno de notícia era o fato de que, pra início de conversa, alguém era capaz de formar imagens mentais. E foi assim que seu mundo explodiu.
Além de extremamente curioso e interessante, o texto é MUITO divertido. Imagina como deve ser DOIDO descobrir que a forma como você percebe o mundo não é a forma como todo mundo o faz? Aliás, você já parou pra pensar se enxerga o mundo como o resto das pessoas? Minha mãe é a única dos seus irmãos que tem os olhos verdes, meus avós também não tem olhos claros, e ela conta que por ANOS acreditava que enxergava diferente dos outros por causa da cor dos olhos. Esse relato também me lembrou um livro incrível, O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu, do Oliver Sacks. O Oliver Sacks foi (RIP) um neurologista e nesse livro ele divide alguns casos clínicos de pacientes com distúrbios em uma das partes do cérebro que afeta a nossa percepção do mundo e de nós mesmos, do nosso corpo, etc. Sim, isso do homem confundir a mulher com um chapéu é bem literal e nem é o caso mais impressionante. Apesar de ter muita coisa técnica, o Oliver Sacks decidiu relatar os casos de uma forma mais literária justamente porque ele tá falando de distúrbios que afetam a nossa subjetividade. É um livro bem louco e bem legal e desesperador também, fica a dica caso você também goste de loucuritas cerebrais.
Eu não tenho problemas pra formar imagens mentais. Consigo enxergar uma praia, um triângulo e as tatuagens do Harry Styles. No entanto, minha cabeça é meio fraca na hora de imaginar personagens descritos em livros. Meu cérebro simplesmente caga pras descrições dos autores. As associações que faço na hora de formar esses retratos são completamente aleatórias, e só às vezes inclui as informações do livro. Já escrevi sobre isso antes e dei alguns exemplos. Esse negócio de imaginar personagens é outro assunto sobre o qual adoro conversar. Minha amiga Couth, por exemplo, já me disse que constantemente imagina personagens ilustrados em vez de gente de carne e osso, e ela tem uma cara "padrão" pra personagens femininas de YAs em primeira pessoa (sim, específico desse jeito). Eu tenho 0 criatividade, então minha imagem mental de personagens quase sempre é de gente famosa ou pessoas que eu conheço. Também tenho alguns padrões engraçados: Chloe Moretz e Shailene Woodley frequentemente são minhas mocinhas de YA, enquanto Anne Hathaway e Keira Knightley fazem as vezes de mocinhas de época. Sempre que leio um romance histórico o Henry Cavill dá as caras como mocinho, o que acho meio péssimo, já que ele não faz meu tipo (muito barbiezinha).
Também tenho dificuldade de pensar em personagens adolescentes como adolescentes. Na minha cabeça eles são sempre adultos, talvez um efeito colateral de Malhação e séries da CW com seus jovens de 27 anos de idade. Pra melhor exemplificar minha esquizofrenia de imaginação, vou compartilhar meu casting mental de Raven Cycle: Blue é a Lily Collins; Adam é o Adam Brody (eu sou tão óbvia que chega a ser ridículo); Ronan é meio Ed Westwick careca, mas Ed Westwick mais como conceito (ar de mistério, olhar sensual e voz sussurrante dizendo "I'm Chuck Bass" "I took Chainsaw out of my dreams"); Calla é a Rihanna (???); Persephone é meio Luna Lovegood (eu sou ridícula), e Gray Man é o Bob de Twin Peaks (porém menos assustador). Já nosso menino Richard Campbell Gansey III é o Spencer Tweedy, filho do Jeff Tweedy, baterista do Tweedy e do The Blisters e moleque mais lindo do mundo (e maior de idade, eu chequei).
Como você imagina os personagens e o mundo em geral?
Spencer Tweedy appreciation moment (foto: Sam Tweedy)
Disco da semana
Semana passada o Yankee Hotel Foxtrot, do Wilco, completou 14 anos. Nem é um marco tão relevante assim, mas acho que todo dia é dia de celebrar o nosso disco favorito. Sou entusiasta da farofa, adoro escrever sobre música pop, bostaiada indie e cantoras doidas diversas, mas a verdade é que minha banda favorita é uma banda de pai. São tiozões melancólicos cantando mágoas de tiozões melancólicos, sem nenhum gatinho do rock pra aliviar (mentira, oiiii Glenn), um som que combina mais com um cara de meia-idade chamado Carlos Alberto do que com uma garota de 20 anos (foi um amigo que disse isso), mas acontece. Eles são os melhores.
O Wilco meio que inventou o country alternativo, uma mistura de country que não é country e rock que não é rock, e foi o Yankee Hotel Foxtrot que mudou tudo pra banda e inaugurou esse patamar ~sui generis~ dos caras. Eles já tinham um moderado sucesso de público e respeito suficiente da gravadora pra se enfiar num loft em Chicago e gravar o disco que eles queriam, sem produtor de fora ou nada disso. O negócio é que quando o trabalho ficou pronto, a gravadora disse que aquilo não era comercial e eles precisavam mudar certas coisas. Então meu sogro Jeff Tweedy colocou o disquinho embaixo do braço, falou AGORA QUEM NÃO QUER SOU EU, deu o pé na Warner e soltou o álbum na internet. Isso em 2001 (!). Francamente, que homem. Em 2002, o disco saiu oficialmente pela Nonesuch Records, uma subsidiada da própria Warner, que pagou duas vezes pelo álbum que rejeitou. HA. Nossas vidas nunca mais foram as mesmas.
Tem um documentário realmente ótimo (e lindo de morrer) que conta essa história, o I Am Trying To Break Your Heart, do Sam Jones. Eu escrevi sobre ele lá no Move That Jukebox ano passado e adianto que não é uma história só pra quem é fã do Wilco. Tem um Masterpiece Reviews sobre ele (o disco) lá no Consequence of Sound, em que o cara termina dizendo que se Wilco é rock de pai, então eles são os pais do ano #tumdumtss
Música favorita: todas, mas principalmen-- não, são todas mesmo. É um álbum perfeito. Se você não conhece Wilco e quer ter seu coração tomado de assalto pra nunca mais pegar de volta, escute Heavy Metal Drummer, Jesus Etc., e I'm The Man Who Loves You, depois volte pro começo e escute I Am Trying To Break Your Heart até tropeçar nos seus próprios pedaços espalhados pelo chão.
Cheryl Strayed 100% nóis (no caso, eu)
Valkírias e tatibitates (LEMONADE!!!)
- IT'S ALIVE!!! Nessa segunda estou colocando no mundo mais um filhote da minha vida online e megalomaníaca. Minha amiga Sharon (cujo nome real é Ana Luíza, mas acontecem coisas) estava à caça de companheiras de cilada pra um novo projeto pessoal™ e eu disse que tava dentro antes mesmo de saber o que era. Felizmente a cilada consistia em montar um site pra falar de cultura pop com um enfoque feminista, dando destaque para produções e histórias de mulheres. YAY, esse é meu chamado! Assim nasceu o Valkírias, e eu estou muito muito muito feliz e empolgada de ter a chance de adicionar mais um ponto nessa enorme conversa que construímos aqui na internet sobre entretenimento, representatividade e mais espaços para mulheres falarem o que pensam sobre o novo filme da Marvel, o último disco da Beyoncé e o que mais vier. Tô com o maior frio na barriga por estar sentada no banco da frente dessa vez, mas divido ele com mais seis meninas incríveis (pois lógico) que me deixam super confiante que #agora #vai.
Estamos trabalhando na surdina já faz um tempinho e é maravilhoso poder finalmente dividir os primeiros resultados com a rede mundial de computadores. Agora estarei em mais um ponto da internet tagarelando sobre aquelas coisas que você já deve saber que eu adoro: música pop, filmes, RAVEN CYCLE (sim, eu escrevi sobre isso!!!) e, claro, feminismo. Te convido a conhecer nosso quartel-general, pegar um café, sentar no sofá (lê-se: curtir nossa página no Faces e seguir a gente no Twitter) e prometo que vai ser DIVER!
jamais vou superar essa logo, nossa menina é tão linda <3 (e ainda maneja espadas!)
- Só hoje (sábado) eu FINALMENTE assisti e ouvi o Lemonade. Queria fazer isso direito, e isso pra mim significa assinar o Tidal HiFi e assistir isso com tempo pra voltar nas minhas partes favoritas, ver de novo, rodar o CD sei lá quantas vezes. Ainda não foi suficiente. Gente, não tem nem o que dizer. É um trabalho tão incrível, tão cheio de camadas, nuances e referências preciosas que assim imediatamente só consigo sinceramente ter vontade de me enfiar na frente da Beyoncé pra ela me bater com o taco de baseball e passar por cima. QUE MULHEEEERRRR.
Ouça e assista Lemonade. Semana que vem eu volto com uma pequena curadoria das 26 abas abertas que tenho no momento com tudo que salvei sobre o disco pra ler, aprender e entender melhor. THAT'S ALL THERE IS!
Ufaaaaaaa, agora acabou!
Como essa newsletter está GIGANTESCA, irei poupá-los de mais lero-lero, deixando o IFAQ pra semana que vem. Obrigada a todo mundo que enviou perguntas LOUCAS (keep them coming), todo mundo que tira um tempinho pra me escrever, e todo mundo que acompanha isso aqui, sempre. Vou fazer o possível pra falar com vocês ainda essa semana <3 Espero que se divirtam com minhas obsessões irrelevantes da vez e vou ficar muito feliz em ler qualquer história que vocês tenham sobre nomes, imagens mentais, Beyoncé e limonadas.
Espero que tenha uma EXCELENTE semana e feliz maio. Maio é o meu mês favorito, então não perca nenhuma oportunidade de olhar o céu e andar ao ar livre sentindo o vento frio e o calor do sol.
Um beijo gelado de um Chico de roupinha e uma Anna de roupão!
Stay beautiful!
Yours truly,
Anna Vitória
p.s.1: ACESSE VALKÍRIAS
p.s.2: ASSISTA LEMONADE