Hello stranger, como vai você?
A frente fria chegou e foi embora, e se sábado passado saí de casa de meia calça grossa, botas e jaqueta de couro, anteontem estava de barriga de fora. Por aqui sobraram uns dias estranhos, em que oscilei entre o terror e a alegria quase eufórica, e agora que voltei ao meu eixo de normalidade (acho), fica aquela sensação incômoda de um dia ou dois depois da frente fria: Será que vão me achar maluca se eu sair de agasalho? Mas e se eu morrer de frio? São questões. (saldo da semana: 01 dia de vergonha com mangas compridas, 02 dias de frio na firma, todos os outros vestida adequadamente para as condições de temperatura e pressão)
Ainda tenho um artigo para submeter até quarta-feira, uns cinco textos com prazo de entrega próximo, um trabalho enorme de francês pra hoje (!) e prova no dia 20. Acho que não existe hora mais correta para parar tudo e escrever pra você. Bom dia!
Ah é, eu não estou tomando café. Larguei as drogas, mas é por tempo determinado.
Infrequently Asked Questions
Hoje vou fazer a primeira rodada IFAQ da newsletter. Esqueci de dizer que o nome foi inspirado numa seção no site da Dolly Alderton (que tem uma newsletter maravilhosa), mas as perguntas que vou responder hoje certamente foram bem mais inspiradas e malucas, por isso também a demora. Não tinha resposta imediata pra quase nenhuma delas e é bem possível que eu mude de ideia ao longo dos dias. Vamos lá?
1) Você iria pra guerra? (por Clara Browne)
Não. Eu provavelmente morreria na guerra. Além disso eu sou pacifista. Mas o principal é que não tenho vontade de morrer na guerra e eu com certeza morreria. Gosto de acreditar que numa situação hipotética, tipo uma Batalha de Hogwarts, eu iria, sim, varinha em punho e tudo, ou então me arriscaria como a Shoshanna e a personagem da Diane Kruger em Bastardos Inglórios. Mas a vida não é um livro da J. K. Rowling ou um filme de vingança do Tarantino, as motivações de uma guerra dificilmente são tão nobres e sei lá se eu iria pra guerra pelo interesse de três ou quatro homens brancos de conluio numa sala. Não iria.
2) Você prefere lutar contra um pato do tamanho de um cavalo ou cem cavalos do tamanho de um pato? (por Clara Browne)
Demorei para responder e a Clara o fez por mim, na última edição da sua newsletter. Eu escolheria um pato do tamanho de um cavalo por um motivo simples: é um só, mesmo que gigante. Tenho uma aflição imensa de me imaginar sendo atacada por vários pequenos cavalos do tamanho de patos e inclusive já tive pesadelos parecidos, mas era com gatos do tamanho da gatos mesmo (contei isso pra minha tia e ela disse que isso poderia significar que eu tenho muitos homens na minha vida) (ri bastante, depois fui chorar no banheiro). Além disso, um pato do tamanho de um cavalo me parece adorável; quero acreditar que no fim desistiríamos de lutar e ficaríamos amigos.
3) O que você acha da polêmica existencial do teletransporte? A polêmica: pro teletransporte funcionar, o mecanismo seria: a máquina leria suas células, copiaria em um banco de dados, deletaria as células do seu corpo e reproduziria de acordo com os dados guardados na memória no outro local desejado. (por Clara Browne) (se não ela, quem?)
Essa pergunta foi um tapa na minha cara porque sempre disse que se pudesse ter algum poder, eu queria o teletransporte. 98% dos meus problemas seriam resolvidos com o teletransporte. Obviamente eu nunca tinha parado pra pensar muito além disso, já que um sonho só é um sonho quando não existe nenhum dilema existencial envolvido, e a ideia de ter minhas células deletadas e depois reproduzidas é um puta dilema existencial. Será que minha alma seria preservada? Gente, eu acho a minha alma muito importante. Quem garante que eu continuaria sendo eu mesma depois de teletransportada? Isso me fez pensar naquela parte de Questão de Tempo, aquela parte que envolve crianças e irmãs problemáticas e quase me matou de desespero pela dimensão do efeito borboleta que uma simples (hehe) viagem no tempo pode provocar. Eu não ia querer mexer com isso. Então, pensando nas minhas células sendo deletadas e depois reproduzidas, sem garantia nenhuma que minha ~essência~ continuaria no lugar, eu não ia querer mexer com isso também não. Desculpa, amigas. Adeus, Paris. Eu tenho medo de impressora 3D e acho que fax é bruxaria, sabe? Prefiro evitar a fadiga.
4) Você acha que é possível morrer de overdose de rúcula? (por Clara Browne)
Eu odeio rúcula, então acho que euzinha morreria sim, porque vomitaria até a morte. Vomitar por si já é uma experiência de quase morte, por rúcula então. Ew.
5) Em qual velocidade você lê as news em que é inscrita? TÔ COM VÁRIAS AQUI, ACUMULADAS, SOCORRO! (por Ramina Xavier)
Miga, I feel your pain. Eu tento ler as newsletters à medida em que elas chegam. Sei que enxotá-las para a pastinha "Ler Depois" é a mesma coisa que dizer "Não Lerei Nunca". Fico praticamente o dia inteiro na frente do computador com o e-mail aberto, então é fácil ler um ou dois e-mails entre um trabalho e outro durante o dia. Também uso o tempo do cafezinho na firma quando estou sozinha, aqueles minutos enquanto a professora de francês não chega; tento otimizar meu tempo insirindo a leitura de newsletters naquele tempo ocioso que já usava pra procrastinar nas redes sociais. Gosto de deixar as cartinhas mais longas para o sábado de manhã, hábito que peguei graças a Bobagens Imperdíveis, da Aline Valek, que chegava sempre nesse horário. A periodicidade mudou, mas até hoje gosto de acordar no sábado e tomar café lendo newslettinhas. Isso não significa, entretanto, que consigo ler tudo, ler sempre e não tenho nada acumulado, mas a gente vai levando.
6) Quais cidades combinadas formariam a cidade perfeita pra você? (por Anaís Chocolate) (fofa!)
Já tive essa discussão com alguns amigos e concluímos que seria, surpreendentemente Uberlândia (!) e Rio de Janeiro. Uberlândia, a cidade onde moro, é uma cidade de porte médio que considero ideal para se viver. O custo de vida é bem razoável, o transporte público funciona muito bem e você encontra pães de queijo de verdade nas padarias. O café também é muito bom. No entanto, aqui não tem praia, a cidade é meio feia, as pessoas são um saco e faltam opções culturais e de lazer. Então meu sonho é morar numa cidade que seja estruturalmente como Uberlândia, mas com o charme do Rio de Janeiro. As praias, a cena cultural, a arquitetura e os cariocas lindos.
7) Qual pergunta você gostaria que as pessoas nunca mais fizessem pra você? (por Debs Braga)
8) Se você tivesse que escolher conhecer uma dessas pessoas, qual você escolheria: Taylor Swift, Harry Styles ou o carinha do Wilco? (você nunca mais poderia conhecer as outras duas) (por Debs Braga)
Olha.
Isso não se faz.
Vou descartar de cara o carinha do Wilco (entendi que ela quis dizer o Jeff Tweedy, vocalista e líder da banda) porque I love you Jeff and Imma let you finish but estamos falando aqui da minha melhor amiga famosa e do amor da minha vida (famoso). Dar a eles esse títulos inclusive ajuda a colocar as coisas em perspectiva. Sempre que vejo aquela pergunta do "Se você pudesse jantar com qualquer pessoa, viva ou morta, com quem você jantaria?" eu penso primeiro na Taylor Swift. Sempre. Não é como se eu pudesse fazer alguma coisa com relação a isso. Eu poderia jantar com Jesus Cristo, mas meu cérebro grita TAYLOR SWIFT. Desculpa ser essa pessoa. PORÉM, quando penso na Taylor Swift, penso em sentimentos, amizades, cookies, cisnes e festas divertidas e, sabe, eu já tenho amigas. Eu não preciso da Taylor Swift pra nenhuma dessas coisas. No fundo eu ficaria meio com vergonha de dissecar os sentimentos dela na cara dela, sabe? É tão mais legal dissecar os sentimentos da Taylor Swift com minhas melhores amigas, que não famosas mas são minhas.
Se eu conhecesse o Harry Styles eu tenho certeza que a gente se apaixonaria. Ele é de aquário, e apesar da astrologinha dizer que aquário é o inferno astral de peixes, eu me dou muito bem com aquarianos. Muito. Junte isso ao meu sofisticado senso de humor, nosso gosto compartilhado por padarias (ele trabalhava em uma!), senhorinhas (elas batiam na bunda dele!), comédias românticas e animais, e nasce aí um endgame. Além disso, nunca consegui me recuperar dessa notícia.
oi amor
9) O que você acha de comidas híbridas (como x-risoto ou pizza de strogonoff)?? Se a favor, quais suas preferidas!!! (por André)
Eu queria muito ser uma pessoa de coração puro e feliz que acha esse tipo de coisa o máximo, símbolo perfeito dessa coisa linda que é o Brasil (vide post da Cacá já recomendado anteriormente). Teoricamente eu até acho, mas na prática não consigo misturar macarrão com feijão. Meu coração é peludo e eu sou contra bagunça no prato. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Gosto de ir no rodízio de pizzas pra ficar julgando observando os absurdos que as pessoas conseguem cometer, tipo a famigerada pizza de strogonoff (com batata palha por cima) ou a pizza hot-dog (com muita batata palha por cima). Você precisa conhecer os rodízios de pizza do interior de Minas Gerais, eu já vi até pizza de carne seca com abóbora, e só observo enquanto como minha marguerita de sempre.
Pra não dizer que desprezo totalmente os alimentos híbridos, quando era criança eu adorava sorvete de chiclete. Confesso que até hoje quando sinto aquele cheiro de tutti-frutti misturado com césio 137 meu coração fica meio balançado, mas o sorvete azul que parece misturado com chicletes velhos de cores diferentes não tem o mesmo apelo de antigamente. Que bom.
10) Qual seria a epígrafe da sua biografia? (por André)
FEELINGS ARE THE ONLY FACTS. #PAZ
Por ora vou encerrar com essas 10 perguntas. Tenho mais algumas na gaveta e se eu não respondi agora é porque ainda não consegui pensar numa resposta legal o suficiente´para elas. Daqui a algumas semanas repito a rodada, então se você tiver alguma pergunta-que-ninguém-pergunta para fazer, vá em frente. Ah, e se você me mandou algum e-mail (principalmente se foi um e-mail longo e pessoal sobre vulnerabilidade) e eu ainda não respondi, juro que vou responder. Sério. Me aguarde.
Never go out of Styles
Essa semana aconteceu algo muito importante: HARRY CORTOU O CABELO!
A gente sabia que esse dia iria chegar, principalmente depois da notícia que ele estava escalado oficialmente para fazer o próximo filme do Christopher Nolan. Um filme de guerra, com um cenário que favorece bem pouco aqueles lindos cachos abençoados por Deus. De qualquer modo, não está permitido ficar (tão) triste, já que como ele tinha anunciado várias vezes anteriormente, Harry doou seus lindos cabelos para quem precisa deles mais até do que - pasmem! - a gente. Então isso é uma boa notícia!!! Harry continua sendo a melhor pessoa do mundo!!!
Em memória dos seus cachos, da minha semana bizarra e porque todo dia é dia de celebrar Harry Styles, vou copiar a Sofia com seu momento self-care feat. Channing Tatum e compartilhar alguns links relacionados a One Direction e Harry Styles que sempre me ajudam a seguir em frente.
Roleta russa da tatuagem no programa do James Corden (contém Niall se cagando de medo de ter que tatuar enquanto usa uma camisa de dinossauros + Harry sexy pra cacete se tatuando);
Carpool karaoke com James Corden, um clássico contemporâneo (contém clipe com coreografia para No Control + James Corden fazendo rap freestyle + Harry solando em Drag Me Down reduzindo meu útero a PÓ);
Entrevista com o One Direction na rádio BBC (contém Harry falando através de uma voz automática por causa de repouso vocal + Harry falando "the universe is expanding" através de uma voz automática + a revelação de que Niall não tem o número do Liam salvo no seu celular) (podemos culpá-lo?);
One Direction jogando Eu Nunca com a Ellen Degeneres, outro clássico contemporâneo (contém Harry vestindo uma camisa de oncinha + Ellen brigando com o Harry por ele mentir com relação à Taylor Swift + Niall dizendo que já usou a escova de dente do Harry + Liam bravo por não ter sido chamado para nadar pelado na piscina do hotel) (podemos culpá-los?);
Harry assistindo aos seus melhores tombos no palco (contém Niall rindo bastante);
Niall imitando o James Bond (não é o Harry, mas é que eu amo o Niall também) (contém Niall com camisa de dinossauros + Louis sentado no colo do James Corden imitando um gatinho);
Rest In Peace, good hair
Lendo & Assistindo
An Offer From a Gentleman, Julia Quinn (2001): Se você não conhece a série dos Bridgertons, deixa eu explicar rapidão: São oito irmãos nomeados de acordo com a ordem do alfabeto (Anthony, Benedict, Colin, Daphne, etc) (kkk) vivendo no período regencial inglês, início do século XIX. Cada livro conta a história de como cada um deles conheceu o amor de suas vidas e se casou. Juro, todos eles são assim. Eu gosto da Julia Quinn porque ela sabe muito se curtir, bless her little heart.
Tive uma primeira impressão ruim com a série porque o primeiro livro é BEM BIZARRO, mas achei o segundo divertido e gostei mais ainda do terceiro. Aliás, ADOREI o terceiro. É uma excelente releitura de Cinderela que não apenas conta a história de novo num outro contexto, mas de fato adiciona algumas camadas a ela. Sim, rola uma discussão interessante sobre privilégios e o papel da mulher naquela sociedade, e ainda que a trama não rompa com o status quo, da época ou de agora (Julia Quinn é contemporânea), acho legal que os personagens tenham tido a chance de pelo menos questionar o sistema, indo um pouco além de mocinhas-que-torcem-o-nariz-para-o-casamento-até-terem-a-chance-de-se-casar. No início queria jogar o livro na parede de tanta preguiça de mais uma história de Cinderela, mas de repente era quatro e meia da manhã e eu estava vidrada na leitura porque simplesmente precisava ver Sophie e Benedict serem felizes.
01 observação: Acho que foi a Analu que disse que ao longo dos livros a Julia Quinn vai perdendo a paciência na hora de cozinhar em fogo baixo seus romances bem-comportados, e é verdade. No primeiro livro, se não me engano, o casal troca um ou dois beijos bem castos antes do casamento; já no terceiro, eles nem sabiam o nome um do outro e já tinha rolado beijo de língua e - pasmem! - luva sendo tirada com os dentes (!!!!) às escondidas durante um baile. Se seguirmos nesse ritmo, acho que a Hyacinth vai ser mãe solteira e depois casar grávida do segundo filho!
Capitão América: Guerra Civil, Anthony e Joe Russo (2016): O segundo filme dos Vingadores foi ruim o suficiente para me fazer esquecer que gosto daqueles personagens e que aquela proposta funcionou um dia. Batman vs. Superman foi TÃO RUIM que eu esqueci que gostava de filmes de super-herói. Guerra Civil, por sua vez, foi tão bom que não apenas lembrei que sou fã de filmes de herói, como também comecei a gostar de quem eu nem gostava antes - isto é, Capitão América e Homem de Ferro (sim). Gente, que filmaço, que alegria, que diferença faz um bom roteiro. Que diferença faz uma história de verdade. Estou até com vontade de ver novamente.
Achei boa demais a forma como o filme conseguiu desenvolver os personagens e como eles estão mais humanos, principalmente o Homem de Ferro e o Capitão América. Acho que é por isso que eu tinha dificuldade de gostar deles, para mim eles sempre foram os mais caricatos e menos interessantes. Gostei de conhecer melhor o menino Steve Rodgers, shippei horrores ele e seu amigo Bucky Barnes, foi bom ver Tony Stark tão vulnerável. Feiticeira Escarlate e Viúva Negra, always a pleasure (FILME SOLO PRAS MINA MARVEL EU LHE IMPLORO). Pantera Negra, misterioso e vingativo, amei demais, uma pena que Ava DuVernay não está mais a frente do projeto de filme solo dele. Homem Formiga, uma delícia de surpresa. Homem Aranha, quase chorei. Quase chorei de verdade. Como eu amo esse menino.
Não vou me alongar mais porque tem uma resenha realmente ótima sobre o filme lá no Valkirias - não fui eu que escrevi, então posso puxar saco.
Disco da Semana
Lemonade, da Beyoncé. O único disco possível. Então eu assisti o Lemonade. Depois ouvi o Lemonade. Aí eu assisti novo, e ouvi de novo e desde semana passada não faço outra coisa. Só deixo o Lemonade de lado para ouvir o Beyoncé, de 2013, o Dangerously In Love, de 2003, primeiro álbum solo da Bey, e alguma coisinha das Destiny's Child - uma salada de referências que sempre deságua no Lemonade.
Eu não vivi a era dos Beatles, do David Bowie, e nasci em 1994, ano em que o Kurt Cobain morreu e enterrou o rock junto com ele. Quando eu ouvi Strokes pela primeira vez as pessoas não acreditavam mais no Julian Casablancas e Amy Winehouse morreu cedo demais. Eu era uma adolescente muito London-café-nasci-na-época-errada e acreditava que tudo já tinha sido criado, mas não. Tem muita coisa interessante sendo criada, uma nova narrativa sendo escrita aí, e a Beyoncé é uma das responsáveis por manter a música interessante, por levá-la pra frente, por ir onde não foram ainda - mantendo uma reverência bonita demais por aqueles (e principalmente aquelas) que vieram antes dela. Eu e você somos da era da Beyoncé, e acho que não existe era mais legal pra se viver.
Embora o Beyoncé também tenha vindo com essa proposta de ser um álbum-visual, acho que a premissa só foi realmente executada agora. Pensar no Lemonade sem os vídeos me parece uma experiência realmente incompleta. Li em algumas críticas, inclusive, que a força do álbum está muito mais no filme do que nas letras, e sou obrigada a concordar. As músicas são ótimas, realmente ótimas, mas você precisa ver a expressão matadora da Beyoncé para entender a raiva e o ressentimento por trás de Don't Hurt Yourself, você precisa ver mães com roupas de luxo da era colonial segurando as fotos dos seus filhos negros mortos pela polícia para captar a dimensão de Freedom, você precisa de ver aquelas mulheres de branco entrando na água lideradas pela Beyoncé para ver que reduzir o Lemonade a um disco sobre traição e briga de marido e mulher é a maior cretinice de todos os tempos. Então, pelo amor de Deus, assista o Lemonade. Eu já chorei duas vezes falando dele pras pessoas. Duas vezes. Uma delas no trabalho. Não me arrependo de nada.
Vendida como sou, fui direto até a fonte e assinei o Tidal. Não apenas assinei o Tidal como fui direto pelo Tidal HiFi. Peguei o trial gratuito, claro, e já coloquei lembrete no celular pra me lembrar de cancelar a assinatura antes do fim do prazo, porque o som é bom, mas $7,99 na Conjuntura Econômica Atual™ é demais pra mim. Infelizmente, o negócio é bom mesmo. Faço o maior esforço para parecer o mínimo possível com algum personagem de Alta Fidelidade, odeio ser essa pessoa porque nossa o áudio, a frequência, outra coisa, mas preciso ser sincera. O áudio, a frequência, a qualidade de som que o Tidal oferece é OUTRA COISA. Você ouve o som em camadas, você ouve uns 37 tons de grave diferentes, o grave bate no seu coração e volta quentinho, a Beyoncé respira em HD no seu ouvido. Falta 20 dias pro fim do meu período de teste e eu já não sei como vou viver sem o Tidal HiFi na minha vida. Jay Z, por favor, pague essa pobre jornalista para falar bem do seu empreendimento, coloque um código CHICORIA2000 pra que eu ganhe uma comissão através das pessoas que assinarem o Tidal graças à minha influência que eu prometo que vou ser a melhor relações públicas da sua empresa no Brasil. Please?
Enfim, tantas coisas maravilhosas e ricas foram escritas sobre o Lemonade na internet que vou me recolher à minha insignificância e apenas compartilhar minhas melhores leituras até agora. Antes, a lista das minhas favoritas (infelizmente sem links para ouvir online): Hold Up, Don't Hurt Yourself, Sorry, 6 Inch, Sandcastles e Formation.
Com Lemonade, Beyoncé faz do limão um coquetel molotov, no Geledés;
A lesson on appreciating art that wasn't made for you, no Consequence of Sound;
Close to home: a conversation about Beyoncé's Lemonade, no site da NPR (a melhor mesa-redonda que li até agora!);
Outra mesa-redonda sobre o álbum, dessa vez com o pessoal da MTV americana (ou seja, Hazel Cills);
Uma lista de leituras baseadas nas inúmeras referências que Beyoncé espalha ao longo do álbum;
Beyoncé's Lemonade is #blackgirlmagic at its most potent, no Guardian;
Sobre o resgate que Beyoncé faz do rock e do country e como ela o aproxima de suas raízes negras;
Um apelo para pararmos de fazer o disco ser sobre "Becky with the good hair", enquanto a história é sobre a força e superação de Beyoncé e outras mulheres negras, no Huffington Post (acho irônico um texto que pede pra tirarmos o foco da traição gastar tantas linhas explicando detalhadamente a treta e fazendo especulações, Mas Essa Sou Eu);
Lemonade is about black women healing themselves and each other, na Elle;
O que significa a gíria "Becky with the good hair"?, na MTV;
* Sei que a maioria das leituras que compartilho por aqui é em inglês e faço o possível para ser mais inclusiva, indo atrás de referências legais feitas aqui no Brasil. Nem sempre é possível. Ei, sites de música e grandes veículos online, vamos produzir mais do que resenhas de três ou quatro parágrafos, vamos além da superfície do discos, buscando seus contextos e referências, vamos chamar mulheres para escrever, vamos organizar debates sem medo de economizar caracteres, POR FAVOR!!!
- Ontem saiu o disco novo do Radiohead e eu só queria que esses artistas me dessem um TEMPO. Não há espaço na minha cabeça pra prestigiar um disco da Beyoncé e outro do Radiohead com um intervalo de menos de um mês entre eles. Você tem noção de que estamos em maio e até agora já tivemos discos novos de: David Bowie, Rihanna, Kanye West, Kendrick Lamar, Beyoncé e Radiohead, para só citar os gigantes? Imagina no Grammy! Pobre gArOtO nOrMaL de 23 aNoS, não poderia ter escolhido pior momento pra lançar um álbum irrelevante.
- Saiu também a música nova do Justin Timberlake e ela é ótima. Meus intervalos do Lemonade foram dedicados a Can't Stop The Feeling.
Ufa, agora acabou!
Comecei a escrever essa newsletter às 8h, logo quando cheguei no trabalho, enquanto esperava o horário pra uma entrevista. O dia foi tão corrido que só consegui concluir agora, às 20h51. Nesse intervalo, já teve golpe do golpe, aparentemente um novo golpe e eu não fui na aula de francês, já que não consegui terminar o trabalho à tempo.
Espero que tenha uma boa semana aí do outro lado e uma noite tranquila pra sonhar. Que tal Harry, Louis e o cachorro mais fofo do mundo (de blusinha!) pra ajudar?
Stay beautiful!
Yours truly,
Anna Vitória