Hello stranger, como vai você?
Semana passada a hashtag #fav7films apareceu no Twitter, mas era tanta Olimpíada acontecendo que ficou difícil parar pra pensar nos meus filmes favoritos. Mais difícil que isso foi ter que descobrir, de fato, quais são os meus filmes favoritos. Em 2011, listei lá no blog os meus 12 filmes preferidos (parte 1 e parte 2), uma tarefa feita com todo critério que só uma adolescente pedante que se autointitulava cinéfila poderia oferecer. Cinco anos depois, no entanto, silencio no hay banda.
Minha relação com os filmes (e com a vida) mudou bastante e foi meio maravilhoso descobrir que não sei mais quais são os meus 7 filmes favoritos porque não me importo mais com isso. Ainda adoro listas e amo pensar sobre, mas não é mais uma questão de autoafirmação ou querer muito dar a resposta certa - muito mais legal é exaltar e enaltecer a película amada porque sim, porque é legal, porque eu vi esse filme ontem, mas acordei com vontade de assistir de novo.
O problema é que amor demais dificilmente cabe numa lista. Analisei minha coleção de DVDs em busca de alguma luz e só conseguia pensar MEU DEUS EU AMO ESSE FILME!!!!!!! diante de todos os títulos. São uns 100. Ninguém tem paciência pra isso, certo? Aí fui rever aquela lista de filmes favoritos que fiz com 17 anos, morrendo de medo de encontrar um arrombamento de pretensão, mas fui surpreendida. Todos os filmes ainda me representam. Alguns menos, outros exatamente como antes, um e outro mais do que nunca. Continuo fazendo minha maratona anual de O Poderoso Chefão, mas nunca mais assisti Closer ou Amélie Poulain. Queria dizer que os anos me fizeram amar menos Annie Hall ou Elizabethtown, mas nada mudou. Embora não veja Pulp Fiction tanto quanto antes, seus diálogos são minhas piadas internas comigo mesma, que me fazem rir sozinha se não tem ninguém perto pra entender a graça.
Sério, se você me vir rindo sozinha por aí é porque provavelmente respondi SAY WHAT AGAIN, I DARE YOU, I DOUBLE DARE YOU, MOTHERFUCKER, SAY WHAT ONE MORE GODDAMN TIME mentalmente pra alguém.
Assim, fica mais ou menos fácil tirar daquela lista 7 títulos que posso chamar de favoritos em 2016 e é isso que farei agora (em ordem mais ou menos aleatória) (eu odeio sinopses, então se você não conhecer algum desses filmes você vai ter que confiar no meu feeling de que ele é bom) (ou então pode fazer aquela busca no IMDB):
Elizabethtown (Cameron Crowe, 2005): Tem um milhão de defeitos, inventou a manic pixie dream girl, os diálogos são empolados, o Orlando Bloom é um (lindo) desastre, mas ainda é o filme da minha vida porque sentimentos são os únicos fatos e a trilha sonora sempre vai ser perfeita.
Ferris Bueller's Day Off (John Hughes, 1986): Será que é estranho eu dizer que um filme sobre um garoto que mente pra todo mundo só pra passar um dia inteiro de boas com os amigos é a minha bússola moral? Porque eu acho que Curtindo a Vida Adoidado é minha bússola moral. É menos sobre malandragem e mais sobre o Movimento Vida Top, o único jeito de sobreviver nesse mundo.
O Iluminado (Stanley Kubrick, 1980): Ano passado vi esse filme no cinema pela primeira vez, na véspera do meu aniversário, e ele foi de novo a coisa mais impressionante e legal do mundo. Foi ele que me fez amar filmes de terror e Cinema com C maiúsculo (mas juro que ele não é chato, e sim perfeito, porque tem o Jack Nicholson, SANGUE e fantasmas), e acho que ele vai me impressionar pra sempre (Jack Nicholson, SANGUE e fantasmas, lembra?).
Annie Hall (Woody Allen, 1977): Me desconstruo todos os dias, o quanto posso, o quanto é possível, mas esse filme é tão ~meu~ que me pego usando suas frases e situações para falar de mim e de como vejo as coisas de um jeito que às vezes esqueço que é um filme e não a minha vida, ainda que às vezes eu também não queira sair da cama porque bateu aquela bad de lembrar que o universo está se expandindo, etc. E como a Diane Keaton está maravilhosa aqui, meu Deus.
O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola, 1971): Isso é muito coisa de Cinéfilo Básico™, eu sei. Ajuda se eu disser que foi meu avô que me ensinou a amar esse filme? Que ver o Al Pacino jovem e perfeito com seu maxilar quebrado é o que me move em maratonas anuais nas 3 horas que esse filme dura (sem contar a segunda parte)? E que eu amo máfia, assassinatos a sangue frio e capangas italianos? Tem um motivo pra todo mundo achar esse filme o melhor de todos os tempos, quem sou eu pra questionar?
Funny Face (Stanley Donen, 1957): É bem simples: se eu pudesse morar em qualquer filme da história, eu moraria aqui, num musical em Paris com a Audrey Hepburn e o Fred Astaire (esse vídeo!!!) e o figurino mais bonito do mundo.
Top Hat (Mark Sandrich, 1935): Pensar nesse filme me dá vontade de chorar. Juro. Inclusive acabei de dar play na música da chuva (por favor, veja esse vídeo) (É SÉRIO, eu vou anotar o nome de quem sair daqui sem ver o vídeo) e sei que vou terminar esse parágrafo chorando. Porque eu amo musicais e esse aqui é um musical que tem sapateado, Fred Astaire e Ginger Rogers. É tão, tão lindo. O filme mais besta e bonito que você vai ver na sua vida.
Disclaimer: Pulp Fiction só ficou fora dessa lista porque são 7 filmes, não 8, e porque pulei a história do Bruce Willis nas últimas duas vezes que assisti e acho que não é assim que se trata um filme favorito (mas claro que Pulp Fiction é um dos meus filmes favoritos). Te amo, Samuel L. Jackson. Desculpa, Tarantino. Zed's dead, baby, Zed's dead.
***
Bom, mesmo sendo válida, aquela lista foi feita há cinco anos. Em cinco anos dá pra ver muito filme. Ou, no meu caso, rever. Não vejo mais tantos filmes como na minha adolescência, e acho que atualmente só vejo filmes inéditos quando vou ao cinema. E cinema de interior só vem blockbuster. Virei essa pessoa que dorme e baba no sofá quando assiste filme em casa, então vejo os mesmos filmes de novo, de novo e de novo de acordo com minhas obsessões pessoais do momento.
Nesse tempo, alguns se destacaram e grudaram no coração e são eles (ou melhor, alguns deles) que escolhi como meus 7 Filmes Favoritos versão 2.0, feat. minha adolescência tardia + aceitação da comédia romântica como único gênero possível. São eles(em ordem nenhuma):
Casablanca (Michael Curtiz, 1942): Gente, Casablanca. Por onde eu começo? Pode ser na parte que a garganta aperta só de *pensar* em ouvir As Time Goes By? Porque ela aperta. Esse filme tem o melhor final triste de todos, mas é algo que eu assisto, como colocou a Juliana Cunha nesse texto, "como um treinamento para que quando chegar minha vez — se um dia chegar minha vez — eu escolha sempre Casablanca a Paris.". Ela escreve também que gostar de Casablanca é meio caminho andado pra diagnosticar um neurótico. Rio nervosamente, mas pra tentar me justificar prefiro dizer que porra, é a Ingrid Bergman e o Humphrey Bogart, me dá um tempo. Se amar esses dois é errado, não quero estar certa.
You've Got Mail (Nora Ephron, 1998): A comédia romântica perfeita, que mistura amor, tristeza, coisas que dão errado porque a vida é uma merda, mas é possível encontrar doçura nela. Essa doçura vem na forma de peak Meg Ryan e peak Tom Hanks, Nova York, livros, referências perfeitas a Orgulho e Preconceito e muitas, muitas trocas de e-mail. Pois LÓGICO. Aí tem essas duas frases no final que me quebram no meio: a primeira, claro, é o "don't cry, ShopGirl", dito pelo Tom Hanks. Mas depois a Meg Ryan diz: "I wanted it to be you. I wanted it to be you so badly", e isso pra mim é quase como a definição acadêmica do que é um amor de filme.
One Fine Day (Michael Hoffman, 1996): Michelle Pfeifer e George Clooney como pais solteiros tentando equilibrar carreira e seus filhos pequenos num dia cheio de confusões e aventuras em Nova York - check. Eles brigam o dia inteiro, passam por várias situações ridículas e depois se amam no final - check. O beijo deles é o melhor beijo e as músicas são as melhores músicas - check, check, check. Esse é aquele filme que eu posso ter visto ontem e ainda assim vou acordar com vontade de assisti-lo no dia seguinte.
Meninas Malvadas (Mark Waters, 2004): Não é só um filme, é uma religião e um estilo de vida. Você deveria ter abandonado imediatamente a leitura dessa newsletter assim que viu que Meninas Malvadas não estava na minha primeira lista de filmes favoritos sendo que, oi, eu vi esse filme no cinema, em 2004, quando tinha 10 anos de idade, e desde essa época trabalho pra ensinar as pessoas que o barro nunca vai pegar.
As Patricinhas de Beverly Hills (Amy Heckerling, 1995): Tenho dificuldade de colocar filmes adolescentes nessas listas porque amo TODOS e não gosto de deixar nenhum de fora. Escolhi esse porque é o que eu mais tenho visto nos últimos anos e porque ele trata sobretudo a respeito de ajudar as pessoas, amigas, e o melhor figurino anos 90 de todos. Por favor, não problematize Cher e Josh na minha frente.
Questão de Tempo (Richard Curtis, 2013): Esse filme me fez acreditar que o casamento dos sonhos é aquele que você usa um vestido vermelho, entra na igreja com uma canção italiana e uma tempestade molha todo mundo e até estragaria tudo se até o estrago não parecesse PERFEITO. E o marido é o Domnhall Gleeson, não podemos esquecer. O tanto que esse filme me faz chorar, nem parece que é tão bonito.
Antes do Pôr-do-Sol (Richard Linklater, 2004): Baby, you're gonna miss that plane. É só isso que eu consigo dizer. Porque quando eu começo a falar sobre esse filme, ou sobre a trilogia Before como um todo, eu começo a falar sobre a minha vida inteira e não paro nunca mais. Então hoje, só hoje, vou parar por aqui.
- Baby, you're gonna miss that plane.
- I know.
Agora eu vou sair correndo antes que lembre de todos os filmes ótimos que esqueci de colocar aqui e definitivamente mereciam lugar nessa lista. Tipo Tabu, se eu fosse uma pessoa mais séria (por favor, veja Tabu). Ou Frances Ha, se minha cabeça fosse menos fraca. Ou até Pretty In Pink, se eu fosse um pouco mais sincera.
Lá no meu finado Filmow tem mais alguns títulos, e nem vou dormir essa noite tentando entender em qual momento da minha vida SHAKESPEARE APAIXONADO se tornou um favorito. Ew.
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A BBC publicou segunda-feira uma lista dos 100 melhores filmes do século 21 até agora. Para montar a seleção foram convidados 177 críticos de cinema de 36 países diferentes e o primeiro lugar foi para Cidade dos Sonhos, do David Lynch - coisa que achei honestíssima. Até hoje não tenho certeza se entendi esse filme, terminei achando que sim e tenho medo de rever e descobrir que na verdade não entendi nada. Nessa minha era cinéfila (tm) tive uma fase de querer ver tudo do David Lynch e Cidade dos Sonhos foi o primeiro. Eu e o Pedro vimos juntos e acho que a gente passou os 2 ou 3 dias seguintes só falando sobre isso. Aí a gente começou a ver Twin Peaks e nunca mais falou de outra coisa.
Algumas outras observações sobre a lista: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças está em *sexto* lugar, O Grande Hotel Budapeste em 21º e Bastardos Inglórios lááá atrás. Achei meio Cinéfilo Básico a lista, MAS ESSA SOU EU, NÃO É MESMO? E eu acho que ficou faltando Meninas Malvadas aí.
Disco da Semana
Glory, da Britney Spears. Vazou, gente, vazou. No meio da final do vôlei de praia (isso lá é hora), o céu se abriu e vimos a glória. Depois de uns dois ou três álbuns de comeback, nossa Neide finalmente voltou. Confesso que fui cética: achei Make Me, primeira música que ela liberou, tão ruim que nem ouvi as outras que ela lançou depois. Não sei se foi a expectativa baixa, mas achei Glory bom de verdade. Aquela vozinha robótica que conhecemos e amamos, mas experimentando ritmos diferentes, em produções mais moderninhas e atuais sem perder a identidade. Ele fica ali entre o In The Zone e o Blackout, ou seja, os melhores álbuns da nossa princesinha, ou seja, É PRA GLORIFICAR EM PÉ.
Quero apenas esfregar esse disco na cara de todo mundo que reclama que agora só existe pop conceitual e falta boa música pra gente dançar na balada. Senti falta de um ~tema~ e uma história pro álbum? Senti. Mas é a Britney, e o melhor que ela faz é pop farofa pra gente rebolar a bunda e querer sensualizar na parede da balada.
Músicas favoritas: Private Show, Clumsy, Do You Wanna Comeover, Love Me Down, If I'm Dancing
A qualquer momento vai ser liberado seu Carpool Karaoke, amanhã sai textão oficial sobre o disco no Valkirias e domingo tem VMA com performance dela (e todos os prêmios pra Beyoncé). Uma semana realmente maravilhosa para ser fã de Britney Spears.
Pensaram que eu não ia rebolar minha bunda em 2016?
Links, links, links
- Vocês vão ter que me engolir: ainda cabe Olimpíada, aí? Uma reflexão da Patrícia sobre a reação dos atletas às suas medalhas e por que não dá pra comparar Serginho com Neymar.
- Atletas militares são estratégias de marketing: para quem quer entender melhor a relação entre os atletas brasileiros e o exército, que chamou a atenção durante esses jogos.
- Manic Pixie Dream Girl: me identifiquei tanto que até fiquei meio triste.
- Pijama e Bota: JANA ROSA FEZ UM NOVO BLOG! Até hoje não me recuperei do fato de ela ter deletado todos os textos do seu antigo site, inclusive o que ela conta sobre sua viagem pra Rússia, que era uma das minhas razões para existir na internet. Mas temos um blog novo, com grandes chances de ser apagado do nada, então vamos curtir enquanto ele está aqui.
- Lista de todos (TODOS) os filmes já citados em Gilmore Girls: são muitos e eu preferia que a lista fosse por episódio e não por ordem alfabética, mas tudo bem.
- Moving to London: Ariel Bissett, minha filha e life-coach, se mudou para Londres!!!!!!! Pra morar com o Greg!!!!! VOCÊ JÁ VIU ESSES DOIS? Então veja. Ariel é uma querida e uma inspiração enorme, daquelas pessoas que acompanho de longe e fico enviando amor e torcendo pra ser sempre feliz. Esse vídeo é muito a materialização desse sentimento.
- 17 motivos para apoiar a reprise de Kubanacan na TV: título autoexplicativo, mas você precisa ver essa lista e relembrar a trama rocambolesca de Kubanacan e morrer de saudade do Carlos Lombardi.
- Dee Dee wanted her daughter to be sick, Gypsy wanted her mom murdered: reportagem bizarra e desgraçadora de cabeça sobre uma mulher com doença de Munchhausen que criou a filha como se ela fosse uma pessoa muito, muito doente - sendo que ela não tinha doença nenhuma. Aí a mãe é assassinada. E o resto você vai ter que descobrir lendo. Por que eu leio essas coisas?
<3
- Ah, e um poema da Adelaide Ivánova: você
você fodeu a casa
cada prato cada espelho
o colchão velho
as fronhas o travesseiro
a varanda a lumánaria
por você até cigarros
na cama liberei
o inventário inteiro
até o teto tem
você
não sei nem por que
em vez de tu
tô usando "você"
que vontade de escrever
esse poema
pra tu (agora sim)
mas que porra ele não sai
você fodeu a cidade a casa
o poema e
o pronome que eu mais gosto
Ufa, agora acabou!
Obrigada por aguentar até aqui e, se quiser, faça sua lista de filmes favoritos no seu blog, newsletter ou sei lá a plataforma que você escreve na internet, se é que escreve, e me mande. Ou então me conta quais são seus 7 filmes favoritos. Ou seu único filme favorito. Ou me diz aí um filme muito bom que eu deveria ver pra parar de sentir saudade das Olimpíadas. Essa que vos escreve está há mais de 72 horas sem acompanhar algum esporte. Socorro.
Stay beautiful!
Yours truly,
Anna Vitória
Sempre que quiser, responda essa newsletter como um e-mail normal e escreva para mim, vamos continuar conversando depois que o sinal bater.
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