Hello stranger, como vai você?
Tinha planejado encerrar a edição passada falando que aquela seria a última edição a existir num mundo que não conhecia o revival de Gilmore Girls, mas esqueci, como costumo esquecer 50% das coisas que planejo toda semana. É por isso que hoje já vou começar dizendo que essa é a primeira No Recreio a existir num mundo pós-revival de Gilmore Girls, a minha versão particular de pós-verdade. Seja bem-vindo.
Essa parte não contém spoilers do revival de Gilmore Girls
Escrevi há algumas edições que Gilmore Girls sempre foi muito de verdade na minha vida para que eu conseguisse enxergá-la daquele jeito idealizado e distante que sempre vi The OC. Muita gente vê a série como comfort TV, aquele tipo de programa que é como um abraço, e eu entendo e até concordo, mas em mim ela também produz uma identificação tão profunda que às vezes ela se torna too close for comfort, como naquela música do Mcfly. "Was I invading in your secrets?", perguntam Tom Fletcher e Danny Jones no refrão, é assim que me sentia muitas vezes quando via Rory Gilmore lidando com coisas que eu também estava lidando, mas não estava preparada pra lidar. Então eu ia lá e mudava de canal, como qualquer pessoa madura faria se a alternativa fosse encarar os próprios sentimentos.
Você já se identificou tanto com algum personagem fictício que chegou a sentir vergonha, consciente de que todas as pessoas que assistem e tem acesso ao que há de mais íntimo e complexo na personalidade daquele personagem estão vendo - e julgando - o que tem de mais íntimo e complexo em você? Porque é assim que me sinto com relação à Rory Gilmore. Eu sou a Rory, desculpa decepcionar vocês. E minha mãe é a Lorelai. Emily Gilmore é um híbrido esquisito entre minhas duas avós, reunindo o que existe de mais difícil e encantador sobre as duas. Meu pai é o Luke. Meu pai é tão o Luke que ele jamais usaria um boné virado pra trás, porque se a gente for pensar bem esse boné é meio out of character pra personalidade do Luke. Gilmore Girls seria a minha vida se a minha vida fosse uma série de TV e é por isso que ela não tem nem um Jess ou um Logan, porque esse tipo de coisa não acontece na vida real. Pelo menos não na minha.
É por isso que assistir essa série sempre foi no mínimo INTENSO, e daí, talvez, a forma fragmentada com que acompanhei o seriado nesses mais de 10 anos. Eu parava quando chegava perto demais. Com a entrada na Netflix, foi a primeira vez que assisti Gilmore Girls inteira, em ordem cronológica, sem pausas de meses ou anos entre um episódio e outro, uma atividade que posso creditar à minha ~jornada da vulnerabilidade~. Sentir coisas e validar meus sentimentos, bons e ruins, sempre foi uma questão pra mim e foi só nos últimos 2 ou 3 anos que decidi encarar isso e mudar, deixar doer. Numa das primeiras edições dessa newsletter, escrevi que "uma coisa que quase ninguém te conta sobre vulnerabilidade e toda essa história de sentir muito e se permitir sentir muito é que você vai se sentir PÉSSIMA na maior parte do tempo, pelo menos até você se acostumar. (...) Se sentir fosse sempre bom, se fosse tranquilo, se não nos colocasse na posição de uma da manhã estar deitada no chão do quarto ouvindo One Direction - Half a Heart.mp3 como um pudim esfacelado de sentimentos, ninguém construiria esses muros pra início de conversa."
Apesar de assistir alguns episódios comigo, minha mãe nunca amou completamente Gilmore Girls. Ela diz que o falatório rápido e excessivo das duas enche o saco, mas eu sei que é porque ela também se enxerga demais ali, algumas vezes mais do que ela consegue suportar. Não posso julgá-la. Da primeira vez que assistimos juntas, ao final do episódio ela me olhou meio perturbada e disse: "Por que você queria tanto que eu visse essa série?". "Porque é a gente, oras.", respondi. "E isso é bom?"
Identificação, gente. Identificação insuportável. Evitem a televisão americana.
Gilmore Girls me desconstrói como uma sessão de análise das mais intensas, por isso é difícil passar por um episódio sem chorar ou querer sair correndo. Quando a Rory fez um escândalo porque perde a prova, eu chorava lembrando do surto que tive na sala de aula quando tirei minha primeira nota vermelha; quando ela largou a faculdade e roubou um barco porque uma pessoa falou que ela não era boa o suficiente, eu chorava pensando em todas as vezes que só não fiz o mesmo pelo mesmo motivo porque me faltou a oportunidade; é catártico demais quando ela faz algo absurdo que surpreende todo mundo porque sei como é viver com o peso da expectativa de uma família (e uma cidade!) inteira que te vê como perfeita quando você sabe que não é assim, porque ninguém é assim, e mesmo assim se deixa afetar e não consegue encarar de forma saudável as coisas conflitantes e nem tão bonitas assim que existem dentro de você. Chorava quando ela conseguia se superar e fazer algo incrível porque fico triste pensando em todas as vezes que não consegui ter os mesmos 30 segundos de coragem insana pra fazer o que tenho vontade - mas também ficava feliz, porque ela me lembra que eu ainda posso.
O que Rory Gilmore faria? É algo que me pergunto com frequência, algumas vezes pra fazer igual, mas na maioria delas para ir no extremo oposto.
Essa parte contém spoilers do revival de Gilmore Girls
A Rory Gilmore que conheci no revival se tornou minha mais recente crise existencial. Sem emprego, sem crédito e sem calcinhas, Rory volta para Stars Hollow 10 anos depois de sair de lá para cobrir Barack Obama na turnê democrata rumo às primárias (quando digo que Gilmore Girls é a minha vida se minha vida fosse uma série de TV, é sobre esse tipo de primeiro emprego que estou falando). Ela viajou o mundo, foi publicada na New Yorker, e por um tempo viveu a promessa daquele futuro brilhante que todos enxergavam pra ela, mas acabou.
Parte disso é uma questão bem típica da nossa geração de millennials que foi jogada num mundo radicalmente diferente daquele que nossos pais conheceram e por isso não tem conseguido cumprir com as expectativas de sucesso deles, que observam preocupados enquanto nunca parecemos tão distantes do sonho da casa própria, presos em nossos celulares, matando indústrias vitais - como a dos guardanapos - no meio do caminho. A Gangue dos 30 não nos deixa ignorar que esse é um problema nosso. Mas com a Rory o buraco é mais embaixo: o problema não está só nos novos tempos, mas também nela mesma.
O negócio é que ela passou a acreditar que era tão especial e importante como todos diziam exaustivamente que ela era e que, por isso, o mundo lhe devia alguma coisa. Como jornalista freelancer, ela passa a dispensar trabalhos que parecem menores ou que não estão à altura do talento dela. Ela acha que os editores na Condé Nast têm que parar o que estão fazendo pra recebê-la pessoalmente pra lhe oferecer trabalhos, ela aceita fazer uma matéria só pra tratar o assunto com negligência e dormir durante uma entrevista (!) e quando está no ápice do desespero topa conversar com uma blogueira que vinha tentando conquistá-la para seu time há tempos (cujo trabalho ela obviamente desprezava) e aparece lá sem nada para oferecer, esperando um tapete vermelho e honras marciais. Ela acredita tanto que o jogo está ganho - afinal, ela é Rory Gilmore! - que não preparou nada, não tenta se vender para a possível-futura-chefe e sai de lá sem entender como não conseguiu o trabalho.
É então que ela volta pra Stars Hollow com o rabinho entre as pernas, sem nunca admitir que falhou, e até mesmo sua empreitada de reerguer o Stars Hollow Gazette é desprezada. As pessoas só querem a porra do poema na capa, Rory, se enxerga garota.
Eu gosto dessa desconstrução radical da personagem, porque tira a Rory do pedestal em que ela era colocada por todos na série até ela acreditar que aquele era mesmo seu lugar. Algo que a vida real ensina é que ninguém é tão especial. Foi pensando sobre isso que comecei a gostar mais das quatro palavras finais, que não tinha gostado logo de cara.
Gilmore Girls não é um ciclo. A Lorelai não é a Rory, o Christopher não é o Logan, o Jess não é o Luke. A história não vai se repetir. Nós assistimos sete temporadas de um seriado que era sobre laços, sobre relacionamentos complicados, sobre escolhas e, principalmente, sobre expectativas. Expectativas de amor, de futuro, de papéis femininos. Ao engravidar e fugir de casa com um bebê nos braços, Lorelai rompe radicalmente com as expectativas que seus pais tinham com relação a ela e vai construir sua trajetória nova e inesperada em Stars Hollow. Ao longo da série clássica, vemos a forma como ela e Emily tentam reconstruir seus laços de mãe e filha depois de uma quebra tão brusca que afeta direta e indiretamente os rumos da vida de ambas o tempo inteiro. É no revival que elas finalmente se encontram no meio do caminho e fazem as pazes com o que há de comum entre uma e outra e com as escolhas que as diferenciam, mas não precisam separá-las. Ao ficar viúva, Emily, do jeito mais bonito que Amy Sherman-Palladino poderia escrever, rompe com a expectativa de mulher que ela carregou nas costas por 50 anos e se permite descobrir quem é fora da sombra de Richard. Ela larga o DAR, vende sua mansão, e descobre uma nova vocação à beira do mar, sendo a guia de museu mais elegante e hardcore de Nantucket.
Ser uma mãe solteira é algo que ninguém esperava de Rory, pelo menos não aos 32 e nenhum problema resolvido. Ela foi criada por Lorelai pra ser tudo que a mãe não pode ser ao precisar virar gente e ganhar o próprio sustento aos 16. Ela foi amada pelos avós para ser tudo que Lorelai não foi. O fracasso dela também é uma quebra brutal de expectativas e uma chance para que ela coloque sua vida em perspectiva e comece de novo. Não tinha pensado nisso até fazer a ponte da história com Wild, da Cheryl Strayed, que eu também li esse ano (claro). Rory não vai recomeçar um ciclo iniciado por sua mãe, mas vai ter a chance de começar sua própria história.
Estava assistindo a entrevista que a Adriana e a Clarice Falcão deram no programa do Bial e em determinado momento a Adriana diz que a coisa mais louca sobre ser mãe é olhar aquele bebê tão pequeno e dependente e ficar pensando em tudo que ele pode se tornar e tudo que ele vai ser independente de você. Então a Clarice cantou Que Sera Sera, da Doris Day, e foi aí que eu entendi Gilmore Girls e mais um pouco da vida inteira. Sei que os La La Las da Carole King são clássicos da série, mas parte de mim fica ressentida de essa não ser a música que toca nos créditos finais.
When I was just a little girl,
I asked my mother, 'What will I be?
Will I be pretty?
Will I be rich?
Here's what she said to me:Que sera, sera,
what ever will be, will be;
The future`s not ours to see.
Que Sera Sera,
What will be, will be
Ainda me incomodo com várias coisas a respeito de Gilmore Girls: A Year in Life e odiei certas decisões (e outras tantas negligências) que os Palladinos tomaram, mas depois de uma semana de pensamentos obsessivos esse grand-finale é algo com o qual vou conseguir conviver.
Essa parte contém spoilers sobre minha vida nos próximos meses
Como eu disse, Gilmore Girls é tão real que incomoda e incomodada fiquei com o destino de Rory Gilmore e o que isso poderia significar pra mim. Nem é preciso saber muita coisa pra traçar os paralelos, basta pensar na escolha de carreira e no atual status dela. Aos soluços, tive que contar toda a história do revival pra tentar fazer minha mãe entender os motivos do meltdown da semana. Foi tão ridículo como vocês podem imaginar, mas também revelador. Eu amo Gilmore Girls porque a série dá espaço para que os personagens falem sobre seus sentimentos. Rápido. Eles têm longas conversas sobre coisas que são tão complicadas e tão simples, como querer alguma coisa e dizer. Como amar alguém. Como se permitir ser amado e o tanto isso pode ser difícil. Como dizer sim. Ou não. Eles, mas principalmente elas, falam, discorrem, se explicam, voltam atrás, pedem desculpas e levam tempo pra fazer a coisa certa, porque na vida a gente precisa mesmo de tempo pra entender o que quer e ir atrás. Isso é poderoso porque leva quem está do outro lado a fazer a mesma coisa. Pelo menos essa é a consequência básica de assistir Gilmore Girls pra mim. Gilmore girls taught me how to feel.
A Isadora escreveu que assistir Gilmore Girls lhe dava uma sensação de coisa certa a se fazer: "Está tudo bem ver essa série, você tinha mesmo que estar fazendo isso agora. Você precisava conhecer isso. Você vai se lembrar dessa cena pra sempre. Você vai citar essa frase mais vezes na vida do que pode prever. Vai ser pra sempre." É exatamente assim que me sinto também, como se eu estivesse predestinada a assistir a série e entender o que ela quer dizer pra usar isso na vida depois. Sei que isso não faz sentido, mas e quando digo que apareceu um trabalho pra mim logo nessa semana que tinha decidido não ser a Rory? E que ouvi dos meus pais que era "boa demais" (kkk) praquilo e não poderia me acomodar? E que tive que explicar Gilmore Girls inteira pra minha mãe pra ela entender como eu tinha certeza que precisava aceitar esse trabalho? E que ela realmente entendeu?
Esse é meu jeito de contar pra vocês que agora tenho um novo emprego, que voltei pro francês pra fazer aquela maldita prova, e que vou começar (pela segunda vez) a auto-escola. Meu objetivo para 2017 é ser Paris Geller: médica, advogada, especialista em arquitetura neoclássica e odontologista NERVOSA e enfrentando a vida com o salto na porta (traduzindo: continuo procurando emprego).
Lendo & Assistindo
Ontem fui assistir A Chegada, filme novo do Denis Villeneuve. Queria ter algo significativo e profundo pra dizer sobre ele, mas faz pouco mais de 24 horas e tudo que consigo articular é que filmão lindo da porra. Na minha cartilha de piscianismos, pode anotar que derrubei umas 4 ou 5 lágrimas no momento em que a Amy Adams consegue estabelecer uma comunicação primitiva com os heptapods que chegaram a Terra em 12 ~unidades~ espalhadas pelo globo. O milagre da comunicação, gente, que coisa linda. Posso estar monotemática, mas o final do filme me fez voltar pra Wild e todo o papo de abraçarmos a nossa jornada, com seus erros e acertos, e aceitar que foram nossos caminhos tortos que nos trouxeram aqui. Estou exagerando? Agora quero muito ler Ted Chiang.
É bonito demais, um filme de alien que não é barulhento, não deixem de prestigiar.
Continuo lendo Anna Karienina - e pensando numa forma de falar sobre a leitura - mas essa semana fiz uma pausa para finalmente ler Cursed Child, aproveitando o clima de boa vontade proporcionado por Animais Fantásticos e Onde Habitam. Nem Newt Scamander conseguiu me impedir de ser consumida pela raiva e pelo constrangimento, dois sentimentos constantes durante a leitura.
+ 'What the hell is a Panju?' and other questions I, a brown potterhead, have for J. K. Rowling: sobre a complicada questão racial de Cursed Child e de Harry Potter num modo geral;
++ Harry Potter and the Cursed Child includes plenty of fanfic tropes but ignores queer representation: sobre o queerbaiting, pra mim a pior coisa sobre esse livro cheio de péssimas escolhas;
Disco da Semana
Jolene (Dolly Parton): Até semana passada eu nunca tinha reparado que I Will Always Love You é a música mais triste e bonita do mundo inteiro. A versão da Whitney Houston é poderosa, mas foi tão exaustivamente tocada que, pelo menos pra mim, perdeu o impacto. Isso e aqueles saxofones dos anos 80. Então eu estava terminando a sétima temporada de Gilmore Girls, a única que ainda não tinha visto, e fui nocauteada por essa música na versão da Dolly Parton, cantada por Lorelai Gilmore, numa serenata inesperada pro Luke num karaokê. É lindo, é constrangedor, é de querer morrer e se matar de tanto amor e tristeza (por favor, VEJA A CENA). Nunca tinha prestado atenção nessa letra, e acho que não existe amor mais forte do que um desses que a gente se despede desejando alegria, felicidade e amor, com a certeza de que você sempre vai amar aquela pessoa. Puta que pariu. Agora eu só quero uma versão da Taylor Swift pra essa música.
Passei a semana inteira ouvindo a música e impressionada com a voz da Dolly Parton e tudo que ela consegue trazer pra música sem dar um grito - com todo respeito à Whitney Houston. Eu já tinha ouvido algumas músicas dela, mas foi o disco da Lady Gaga desse ano e Gilmore Girls que me fizeram ter certeza que eu precisava conhecer essa mulher direito. As músicas são brejeiríssimas, tristíssimas e a voz dela é de uma delicadeza impressionante. Estou numa imersão e recomendo o disco pra todo mundo que quer conhecer o country numa das suas melhores vozes.
Músicas favoritas: I Will Always Love You, Living Memories of You, Jolene, When Someone Wants to Leave.
+ No The Voice dessa semana a Dolly Parton apareceu pra cantar Jolene com a Miley Cyrus, que já tinha gravado a música há alguns anos; o White Stripes também tem um cover que eu gosto muito, conheci a música através da versão deles.
++ Não sou a maior fã de sertanejo do mundo, mas essa semana convidei duas amigas queridas pra falar do fenômeno das Rainhas do Sertanejo no Valkirias e elas arrasaram tanto que agora estou aprendendo a ouvir Maiara e Maraisa, completamente viciada na canção Mexidinho. Prestigiem.
Links, Links, Links
- Especial Gilmore Girls 1: Lá no Valkirias fizemos a uma semana especial de posts sobre a série:
Emily, a terceira garota Gilmore (meu texto!);
Livre, a referência mais importante do revival de Gilmore Girls (trívia: quem escreveu esse texto foi a Fer, e logo depois de assistirmos ao revival passamos muito tempo falando sobre o quanto odiamos as quatro palavras finais. aí ela começou a escrever sobre Wild e a relação do livro com a série e contou que enquanto escrevia foi virando a casaca quanto ao final, e aconteceu a mesma coisa comigo quando li o texto dela);
- Especial Gilmore Girls 2: A Pólen também fez uma semana especial de posts, alguns já linkados aqui na edição passada. Recomendo todos (#polkirias), mas principalmente essa lista que a Clara fez com os livros que a Rory leria se fosse brasileira;
- Especial Gilmore Girls 3: Texto da Taís Bravo sobre a Rory do revival e tudo que ela pode representar para mulheres da nossa geração;
- Especial Gilmore Girls 4: Seis livros para ler depois do revival de Gilmore Girls;
- Especial Gilmore Girls 5: Discordo da maior parte desse texto, mas gosto da teoria que aproxima Stars Hollow da mitologia do David Lynch, como uma Twin Peaks invertida, acenando pras várias referências lynchinianas presentes no revival e o único argumento que coloca algum sentido naquele musical (que eu odiei) e no momento surrealista da Life and Death Brigade (que me deixou com vontade de MORRER);
To accept this plot as a natural conclusion to the show means either rewriting Rory herself into a passive noncommittal bore, or twisting Stars Hollow itself into something unrecognizable: a distorted version of American life where individual dreams and goals are repressed and subsumed into the larger collective. Stars Hollow, in this view, becomes a pro-life argument for the need to continue the legacy of Stars Hollow at any cost — even if it means dismantling the dreams of one of Stars Hollow’s finest.
- 16 Milo Ventimiglia blessed us in 2016;
- Entrevista com Milo Ventimiglia sobre o revival e This Is Us: porque os Palladinos podem ter transformado o Jess num plot device sem história, mas ele continua sendo o meu único homem que importa;
- A Chape é gigante e Como o futebol conecta: um dos motivos do atraso da newsletter da semana foi o acidente com o avião da Chapecoense, que me tirou completamente do prumo, na escrita e na vida. Acompanhei toda a cobertura e comoção, mas não sou próxima do futebol o suficiente pra conseguir dizer algo a respeito, mas as últimas edições das newsletters da Duds e do Marco são tudo o que eu queria dizer;
- Em tempos tão doidos, difíceis e ruins, essa entrevista com a Bethânia é maravilhosa demais;
Temos uma natureza diferente da desses brancos europeus e americanos. Nós somos outra cor. E vejo a gente querendo imitar o ruim, o que não deu certo. Ah, eu me deprimo demais. Só me resta o palco. Vou lá e grito feito uma doida. Todas as vezes que faço leitura falo disso. Mas acho que entra por um ouvido e sai pelo outro. Fico com pena. Tô morta de pena do Brasil.
Ufa agora acabou!
Obrigada pela companhia e por chegar até aqui. Essa newsletter chega pra você atrasada (embora já faz tempo que não estou conseguindo cumprir com a periodicidade correta) porque eu precisava de tempo para absorver esse revival. Sei que ninguém mais aguenta ler e falar sobre Gilmore Girls, mas eu não podia deixar de falar sobre Gilmore Girls. Se quiser conversar sobre outros aspectos do revival e compartilhar ódios e alegrias, por favor, me escreva!
Foi uma semana pesada, num ano igualmente pesado de uma época difícil, então deixo vocês com Polly, a cabra de seis meses que sofre de ansiedade e foi resgatada por uma ONG. Sua protetora diz que usar uma fantasia de patinho deixa Polly calma em situações de estresse, como estar perto de muitas pessoas, e que ela se sente protegida com a roupa como se estivesse sendo abraçada.
Somos todos Polly!
“‘Um dia em que ninguém morre é um bom dia’. Alguém disse isso uma vez. Espera. Fui eu. Eu disse isso. Qualquer dia em que acorde e seu corpo ainda se move é um bom dia. Você pode recomeçar. Pode esquecer os erros do passado. Pode ter um novo começo. Viver cada dia como se fosse o último. Todas as baboseiras escritas em almofadas e parachoque, é tudo verdade. Você está vivo. Respeite isso. Nem todos estão.
Nós podemos recomeçar. Todos os dias temos segundas chances para nos tornamos quem sempre quisemos ser. Podemos deixar o passado para trás ou podemos aprender com ele e honrá-lo. Podemos decidir. Nunca é tarde demais para mudar. Essas pessoas não têm essa chance. Elas deixaram para vocês. Deixaram vocês aprenderem com elas, então vamos agradecer e não estragar tudo.
{de Grey's Anatomy}
Stay beautiful e boa semana!
Yours truly,
Anna Vitória
Sempre que quiser, responda essa newsletter como um e-mail normal e escreva para mim, vamos continuar conversando depois que o sinal bater.
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