Viver é louça
Dizer como almoçamos e jantamos pode dizer muito sobre como vivemos a vida
para ler ouvindo mitski - working for the knife
Hello stranger, como vai você?
No início da pandemia, quando voltei a morar com a minha mãe em Uberlândia (MG), me tornei responsável pela cozinha da casa pela primeira vez. Uma configuração duplamente inédita, porque a rotina que levávamos antes não comportava almoços em casa. Eu me revezava entre almoçar com meu pai, comer nos self-services perto do trabalho e filar um almoço de vez em quando na casa da minha avó, enquanto minha mãe comia perto do seu trabalho, do outro lado da cidade. O jantar era sempre um lanche improvisado.
Não era ideal, mas era cômodo, e foi exatamente por isso adiei por tanto tempo a decisão de parar de comer carne: eu sabia que para isso precisaria fazer a cozinha caber no meu dia a dia e até 2020 eu não conseguia enxergar essa possibilidade. Incrível como dizer como almoçamos e jantamos pode dizer tanto sobre como vivemos a vida.
Então saí de casa, mudei de cidade e tive o enorme privilégio de morar com pessoas veganas, numa casa em que se almoçava e jantava em família quase todos os dias. Nem precisei me esforçar para parar de comer carne, simplesmente aconteceu. Ver minha tia fazer almoço todos os dias me ensinou não só como montar uma refeição balanceada sem proteína animal, mas também a desenvolver uma relação de amor e respeito com a cozinha do dia a dia, em que todo cuidado e tempo que esse trabalho demanda pode se costurar com alguma graça no caos da rotina. Eu gostava tanto de vê-la cozinhar que era como se eu soubesse que dali pouco tempo seria a minha vez.
Presa em casa e de volta à minha cidade natal, passei 2020 equilibrando uma agenda de frilas com a escrita da dissertação – pelo menos era o que eu dizia para os outros, quando na prática eu estava mesmo atravessando um grande colapso emocional. Nos dias bons, inventar mil e uma modas na cozinha era algo que fazia para escapar da minha própria cabeça e sabendo disso minha mãe comprava tudo quanto era coisa diferente que via no mercado e trazia para mim, porque esse era o jeito de me tirar do quarto escuro. Já nos dias ruins, o transtorno interior muitas vezes se materializava em épicos fracassos culinários dos quais hoje eu dou risada, mesmo sabendo que eram gestos inconscientes de autodestruição.
Ainda vou escrever uma crônica sobre o dia que descobri que meus avós estavam com Covid-19 e decidi fazer um purê de beterraba para me distrair, uma tragédia que terminou com uma cozinha com manchas de beterraba até o teto e eu chorando derrotada no sofá, a ponto de quase desmaiar depois de passar horas em pé, sem comer, mexendo panelas no fogão. Pode rir, agora já passou.
Foi nessa época que emendei a leitura de “Julie e Julia” (Julie Powell) e “Minha vida na França” (Julia Child), pagando uma dívida com a Anna Vitória adolescente que foi assistir Julie e Julia, o filme, sozinha no cinema pela primeira vez na vida ficou obcecada pela história. Para minha grande surpresa, o livro que reúne os posts do blog que Julie Powell escreveu quando decidiu cozinhar todas as receitas de “Mastering the Art of French Cooking” é meio péssimo. Toda a experiência é um grande pedido de socorro da autora, alguém que parecia profundamente infeliz com sua vida e que não demonstrava ser uma esposa ou amiga muito bacana. Foi difícil ter empatia ou torcer por uma narradora que não fazia muito esforço para enxergar qualquer pessoa além de si, principalmente porque o livro não dá nenhum indício de consciência dessas falhas por parte dela, que na verdade parecia se considerar apenas uma pessoa muito irreverente e engraçada.
Talvez pegue mal dizer isso agora, dado que Julie Powell morreu inesperadamente há algumas semanas, mas é como as coisas são.
Ainda assim, chorei copiosamente no epílogo do livro, quando Julie Powell vai visitar o túmulo de Julia Child. O que ela escreve sobre ter descoberto a alegria ao mergulhar na vida e nas receitas de Julia Child mexeu demais comigo, porque eu estava fazendo mais ou menos a mesma coisa (só que com muito menos manteiga). A trajetória caótica de Julie Powell me salvou tanto quanto o respiro de vida e frescor que é a autobiografia da Julia Child e, assim como elas, usei a cozinha como âncora no pior momento da minha vida. Sendo assim, faz sentido que até hoje meu compromisso (ou a falta dele) com a cozinha seja uma espécie de termômetro emocional particular, capaz de indicar como estou me sentindo e minha capacidade de encarar a vida de maneira geral.
Nesses quase três anos que separam esse encontro com a cozinha, percebi que poder fazer minha comida (quase) todos os dias é um privilégio enorme, algo que me nutre de várias formas, uma mágica, um respiro, um momento de conexão com outras coisas que me tira um pouco desse labirinto neurótico onde me perco com facilidade. Ao mesmo tempo, preciso lidar com a carga mental esmagadora que é o gerenciamento das pequenas coisas que precisam ser coordenadas para que o almoço se materialize na mesa, tarefas que exigem manutenção constante e infinita além de uma espécie de equilíbrio – equivalente à alquimia necessária para fazer crescer um pão de fermentação natural – que em vez de ser sustentado por condições ideais de temperatura, pressão e levedura, se ergue sobre os ombros vacilantes de uma mulher exausta. Na maior parte do tempo.
Como diz um quadrinho da minha amiga genial Gabriela Couth, quarentena viver é louça.
Lembro de ouvir minha avó confessar as inúmeras vezes em que já cogitou largar as panelas no fogo, sair de casa e nunca mais voltar. Ou da minha outra avó, que desde que meu avô morreu simplesmente decidiu não fazer almoço, exceto aos domingos. Foram mais de 50 anos fazendo almoço todos os dias, com três filhos e três turnos de trabalho fora de casa, tudo bem comer omelete ou sanduíche de salada pelo tempo que lhe resta. Minha mãe nunca foi do tipo que cozinha e eu amo ela por isso. Ela diz que é porque é canhota e não tem paciência ou destreza, mas acho que é sua forma inconsciente de dar um basta nesses modelos que que estavam ao seu redor.
Para ela, o fato de eu gostar tanto de cozinhar é quase uma rebeldia, uma espécie de atrevimento.
A pandemia também colocou meu pai na beira do fogão. Ele tem trabalhado remotamente desde 2020 e por isso virou o responsável pela cozinha da casa dele. Acho que não tem um único dia em que ele não reclama do peso enorme que é cuidar das refeições e acho isso meio engraçado. Porque sim, é uma atividade profundamente demandante, mas curioso como essa ficha demorou literalmente 50 anos para cair do lado dele. Basta um homem fazer e de repente é muito fácil reconhecer que a cozinha é um emprego de período integral.
Eu corto cebolas enquanto cultivo um triplex na minha cabeça que acomoda um único pensamento, o de como é fácil manter a hegemonia de uma parcela de homens quando tudo que eles precisam fazer é sentar na mesa para encontrar uma refeição pronta, sem precisar dedicar dois minutos do dia pra pensar sobre isso. Consolo minhas amigas sobrecarregadas com as demandas domésticas lembrando a elas de que o modelo de vida que passaram para nós só funcionou por tanto tempo, para tanta gente, porque ele presumia a existência de esposa, empregada e secretária pra dar conta de tudo por aquele homem que sai de casa para trabalhar uma jornada de 8h. Tirando essas figuras da equação, alguns pratos vão cair.
Adoro cozinhar, mas basta uma semana mais desgastante no trabalho para que eu contemple seriamente a ideia de viver de Soylent por alguns dias na semana. Adoro fazer meu almoço todos os dias, mas me pergunto se veria alguma poesia nisso se precisasse fazer isso para alguém, todos os dias, além de mim. Preciso me lembrar constantemente que a solução não está em descobrir como se desdobrar em mil para pegar todos os pratos, mas em pensar em jeitos diferentes de viver para que esses pratos se acomodem. Ainda não sei a resposta, mas peço de coração que não respondam esse e-mail com dicas de métodos de organização.
Nos últimos cinco anos eu fiz um doutorado. Eu pesquisei, eu viajei, eu li, eu escrevi, eu transformei esse trabalho em um livro. E em diversos momentos desses cinco anos eu pensei que meu trabalho seria significativamente melhor se eu pudesse ser libertada do gerenciamento cotidiano da vida. De fazer almoço e jantar. De pensar no sofá que precisa de limpeza, na privada que entupiu, na ração dos gatos. E veja, eu sou uma mulher bastante livre, na medida em que qualquer mulher é livre. Eu não moro com meu parceiro. Eu não tenho filhos. Eu tenho uma renda boa vinda basicamente de trabalho intelectual. E todos os dias eu sinto que eu sou uma escritora pior porque eu preciso lembrar de fazer feira e lavar a louça.
Em que mais uma vez eu odeio um homem da Elena Ferrante (Isadora Sinay, na newsletter Da Janela, 2022)
Mas divago – comecei esse texto uma semana atrás querendo contar da sopa de ervilha.
Estive um bocado doente nas últimas… *confere anotações* três semanas. Desconfio que esse mal estar persistente seja indicativo de um burnout ou simplesmente resultado do estilo de vida “boêmio e desregrado” (palavras de Seu Capelas, meu sogro) que levei em outubro e novembro. Depois de duas semanas, dois testes de covid negativos e nenhuma melhora, achei por bem ir ao médico. Nesse meio tempo, claro, minha vida doméstica desabou e eu não cheguei perto da cozinha por mais de uma semana, o que obviamente contribuiu bastante para que eu me sentisse pior, já que não conseguia me alimentar direito.
Mas segunda, querido leitor, segunda eu acordei me sentindo completamente no controle da situação. Ainda estava doente e sob efeito de antibióticos, de modo que meu grande plano para aquele dia era fazer uma sopa, mas seria A sopa, uma sopa que viria ao mundo com a missão de me consagrar como adulta funcional novamente. Porque eu lembrei de colocar a ervilha seca para demolhar antes de dormir no dia anterior. Porque eu tinha caldo de legumes que fiz com minhas próprias mões no congelador e não tem nada mais adulto do que tirar um caldo de legumes do congelador para fazer uma sopa para você, mesmo que seja uma da tarde de uma segunda-feira e lá fora a temperatura esteja por volta dos 27ºC, o que faz da escolha de cardápio um tanto quanto disfuncional. Mas não é esse o ponto.
Eu queria escrever sobre essa sopa de ervilha não só porque ela é deliciosa e ridiculamente simples de se fazer, mas porque estar inteira o suficiente para lembrar de colocar ervilhas secas para demolhar na noite anterior é sinal de um domínio extraordinário sobre mim mesma que fez bastante falta nesses últimos tempos e eu precisava registrar esse momento. Nesses dias em que a cozinha é mágica e que uma sopa de ervilha é a melhor comida do mundo, eu me apaixono um pouco por mim mesma e sinto uma gratidão que beira o cafona por ter descoberto uma paixão que me ensina tanto e que me dá um senso tão poderoso de autonomia.
Em 2020, depois de ler “Julie e Julia” e “Minha Vida na França”, me deu vontade de escrever sobre tudo que eu cozinhava, uma vontade que eu ainda tenho. Se dizer como a gente almoça e janta diz muito sobre nós, falar sobre o que comemos e cozinhamos abre portas para um universo inesgotável de inspiração. Acho que é por isso que gosto da forma como a Carla Soares define o trabalho que faz escrevendo sobre comida (e muito mais). Acabei de ver que ela mudou a bio e eu vou ser incapaz de lembrar quais eram as palavras exatas, mas era mais ou menos assim: comida é só uma desculpa para falar daquilo que nos faz vivos.
“I cry at the start of every movie, I guess I just wish I was making things too”, canta a Mitski na música que embala essa edição, e sinto que preciso dizer que estou produzindo alguma coisa por mais que não esteja escrevendo, ainda que essa coisa seja a vida de todos os dias. Acho que é isso que tenho feito comigo mesma desde 2020.
Comecei a escrever naquele dia mesmo, mas antes eu pudesse terminar voltei a passar mal. Fazia anos que não tomava antibiótico e tinha esquecido que para resolver um problema ele precisa destruir tudo que encontra pelo pelo caminho. Só me senti eu mesma de novo na sexta-feira, quando fiz um risoto de abobrinha para comemorar, e depois de quase uma semana praticamente de cama aquela memória da sopa de ervilha já não parecia tão idílica. Tive tempo o suficiente para girar a anedota na minha cabeça a ponto de ela revelar suas garras, até que eu não conseguisse mais desver.
Nesses dias em que estive mal, minha mãe cuidou da louça e do poodle Francisco, encheu a casa de frutas e cozinhou para mim todos os dias à noite o mesmo macarrão só com cebola e sal, servido com tomate fresco picado, que era tudo que eu conseguia comer. Parte de mim se sente minúscula quando se vê dependente de cuidados tão básicos, porque já acho que a minha vida está bem longe de ser complicada e parece meio ridículo ainda assim não dar conta, mas a outra parte pega momentos como esse e aproveita para pendurar na parede daquele triplex um quadro que diz:
𝓜𝓪𝓵𝓭𝓲𝓽𝓸 𝓼𝓮𝓳𝓪 𝓸 𝓬𝓪𝓹𝓲𝓽𝓪𝓵𝓲𝓼𝓶𝓸 𝓺𝓾𝓮 𝓷𝓸𝓼 𝓯𝓮𝔃 𝓪𝓬𝓻𝓮𝓭𝓲𝓽𝓪𝓻 𝓺𝓾𝓮 𝓮𝓻𝓪 𝓷𝓪̃𝓸 𝓼𝓸́ 𝓹𝓸𝓼𝓼𝓲́𝓿𝓮𝓵 𝓶𝓪𝓼 𝓽𝓪𝓶𝓫𝓮́𝓶 𝓭𝓮𝓼𝓮𝓳𝓪́𝓿𝓮𝓵 𝓭𝓪𝓻 𝓬𝓸𝓷𝓽𝓪 𝓭𝓮 𝓽𝓾𝓭𝓸 𝓼𝓸𝔃𝓲𝓷𝓱𝓸, 𝓾𝓶 𝓲𝓭𝓮𝓪𝓵 𝓺𝓾𝓮 𝓼𝓸́ 𝓲𝓷𝓼𝓹𝓲𝓻𝓪 𝓮𝓷𝓽𝓾𝓼𝓲𝓪𝓼𝓶𝓸 𝓬𝓸𝓷𝓼𝓬𝓲𝓮𝓷𝓽𝓮 𝓮𝓶 𝓹𝓮𝓼𝓼𝓸𝓪𝓼 𝓺𝓾𝓮 𝓹𝓸𝓻 𝓷𝓪𝓭𝓪 𝓷𝓸 𝓶𝓾𝓷𝓭𝓸 𝓮𝓼𝓬𝓸𝓵𝓱𝓮𝓻𝓲𝓪𝓶 𝓭𝓪𝓻 𝓬𝓸𝓷𝓽𝓪 𝓭𝓮 𝓽𝓾𝓭𝓸 𝓼𝓸𝔃𝓲𝓷𝓱𝓪𝓼.
Suspiro. Viver é louça.
Viu esse texto no Twitter, gostou, mas ainda não me acompanha por aqui? Hora de mudar isso!
A famosa sopa de ervilha
(inspirada em uma receita da minha sogra, Dona Silvina, ainda que eu nunca tenha perguntado a receita pra ela e na verdade use a receita da Rita Lobo como referência)
Uma xícara de ervilhas secas (que devem ficar de molho por pelo menos 12h);
Duas batatas pequenas;
Meia cebola grande;
Caldo de legumes, se tiver;
Sal, pimenta do reino e páprica doce defumada, para temperar, hortelã e salsinha para a hora de servir.
Pique a cebola grosseiramente e refogue no azeite. Junte a ervilha, as batatas picadas, coloque um pouco de sal e cubra com o caldo de legumes. Se não tiver pode ser com água mesmo, ninguém vai morrer por isso. Deixe cozinhar em fogo baixo até ficar macio e depois bata tudo (caldo incluso) no liquidificador até ficar homogêneo. Volte para panela até levantar fervura e aproveite para acertar o sal e os outros temperos. Se estiver muito grosso é só adicionar água até chegar no ponto que você gosta.
Na hora de servir, coloque um fio de azeite, salsinha e hortelã. A hortelã foi uma sugestão da Rita Lobo1 e achei que funcionou muito bem para um dia mais quente, deu um frescor especial. Rita Lobo também sugere servir pipoca de acompanhamento no lugar do pão, o que achei genial mas meu estômago não gostou tanto assim.
A receita original é feita com ervilhas frescas, mas como só tinha ervilha seca em casa foi com essa mesmo, inclusive prefiro. Mas para garantir que tava no caminho certo, dei uma checada na sopa de ervilha seca da Rita Lobo, que ela faz com carne e por motivos óbvios não foi a minha opção. A batata eu incluí para dar mais sustância, já que aquele seria o meu almoço.
Desde a última vez que apareci por aqui, tive a baita honra de assinar o 5pra1 do Wilco lá no Monkeybuzz, uma seção que traz cinco discos fundamentais para desbravar a discografia de alguma banda eu artista. Quem é leitor antigo sabe da minha obsessão por Wilco e vira e mexa alguém pede dicas de como começar a ouvir a banda, então agora tenho um link fácil pra servir de resposta.
O tempero amargo que foi invadindo esse texto ao longo da semana provavelmente veio da leitura dessa pesquisa da Anne Helen Petersen sobre as diferenças entre o lazer de homens e mulheres.
O Sr. Loveology conseguiu entrevistar a Phoebe Bridgers para o Scream & Yell um dia depois do Primavera Sound e eu convenci ele a incluir uma pergunta sobre Sally Rooney na pauta (e ganhei um autógrafo de brinde).
Ufa, agora acabou! Se você gostou do texto de hoje, aproveite para compartilhar por aí. O problema do artista é que ele precisa ser elogiado.
Stay beautiful e RUMO AO HEXA!
Com carinho,
Anna Vitória
Anna, tirei da bio esse ~slogan de que comer é só uma desculpa pra falar que nos mantém vivos, mas ele segue firme e forte lá no topo do meu site - e você fraseou ele direitinho. Mas vim comentar mesmo é que sempre fico impressionada como o que eu escrevo encontra gente que parte de lugares parecidos com o meu nesse assunto. Muita gente que me lê nem cozinha. Eu mesma não sou uma pessoa que tem qualquer background memorialista com comida - minha mãe nem minha avó se interessam pelo assunto -, e pra falar a verdade nem um prato afetivo de família direito eu tenho. Eu fui cultivando esse interesse pra tentar fazer as pazes, pra tentar inventar uma nova vida pra mim. Eu fico ainda com angústias muito parecidas com as suas e as da Isa Sinay. Já me fiz milhares de vezes essas perguntas, a ponto de achar que hoje eu continuo mesmo é pra escapar de uma ideia muito formatada do que é ter sucesso na vida. Sei lá se tem jeito de um dia fazer as pazes com a coisa toda - são tantas camadas. Mas pra ser muito sincera o que mais tem me deixado cansada não é ter que decidir todos os dias o que vai ter no almoço, mas sim esse troço abstrato de ter que ser alguém na vida. Com isso eu ainda não sei como ficar bem. (Obrigada pela lembrança carinhosa)