para ler ouvindo chappell roan - pink pony club
Alerta de gatilho: essa é uma edição para quem é capaz de deixar de lado por alguns minutos todo o cinismo do próprio coração.
Hello stranger, como vai você?
Tive uma professora na faculdade que, por anos, manteve perfis no Facebook para suas gatas. Elas escreviam em primeira pessoa, referindo-se à minha professora e ao seu marido como "mamãe" e "papai".
Cada gata tinha uma personalidade distinta, um personagem bem delineado que interagia com amigos e familiares nas postagens, sempre assinando com um carinhoso "lambeijos". Era 2012, meu primeiro ano no curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, e aquela professora era minha favorita — talvez a única que demonstrava interesse genuíno pelo jornalismo literário naquele ambiente que eu ainda estava descobrindo.
Mas ela mantinha três ou quatro perfis no Facebook para suas gatas, e eu não sabia muito bem o que pensar sobre isso.
Hoje, mais de dez anos depois, ouso dizer que aquela professora foi uma visionária.
Entro no Tiktok e tudo que algoritmo me entrega são vídeos de pessoas que mantêm perfis para seus animais, com vozes e dialetos próprios, muitas vezes monetizando essas narrativas diárias que pessoas como eu consomem avidamente. Recentemente, chorei a morte de um desses animais — após dois dias atualizando seu perfil toda hora, ansiosa por notícias de sua cirurgia — e não foi a primeira (nem será a última) vez que tive que explicar, com os olhos inchados, que estava chorando com o celular na mão porque "morreu um cachorro que eu sigo no Instagram".

Sempre gostei de seguir perfis de cachorro no Instagram, mas a coisa toda se intensificou quando eu perdi o meu próprio cachorro. Hoje, sigo perfis dedicados a gatos, porcos, cavalos e até galinhas. Aprendo muito com eles — sobre respeito, carinho, luto, escolhas e vida e também sobre humor e ~storytelling~. Eles me lembram que não trocaria a saudade que sinto do poodle Francisco por uma vida em que não conheço esse tipo de parceria.
Já tinha me perguntado muitas vezes como seria minha relação com o bicho dos outros quando o meu não estivesse mais aqui. Meu maior medo era que a perda me tornasse uma pessoa ressentida, do tipo que fica triste quando vê outras pessoas desfrutando de algo que perdi. Felizmente não foi isso que aconteceu, pelo contrário. Enquanto espero meu coração estar pronto para se abrir novamente para um outro bicho, preencho esse vazio observando o bicho dos outros na internet.
Hoje, compartilho com você meus perfis favoritos, como forma de agradecimento pela generosidade e criatividade das pessoas por trás de cada um deles, e também para celebrar esse vínculo que, para mim, é uma das experiências mais profundas e transformadoras que podemos experimentar nesse mundo.
Essa publicação com certeza não vai caber no corpo do e-mail, então clique aqui para visualizar o conteúdo completo.
O mundo pet é um dos nichos com mais potencial para inspirar reflexões críticas sobre o que significa compartilhar e commodificar a vida nas redes sociais, em especial quando consideramos a mercantilização e até mesmo exploração dos animais em troca de curtidas e comissões da ZeeDog. Penso muito sobre isso, assim como na humanização dos bichos, no fetichismo dessa relação, no debate “animais x filhos” entre os millennials e por aí vai. A edição de hoje não é sobre nenhuma dessas coisas. É sobre os bichos que acho fofos no Instagram e no TikTok. Ajam de acordo.
Polo, Mika e Toddy (e Diana!) (@caopanheirolabra)





O caopanheirolabra foi provavelmente o primeiro perfil pet que segui nas redes sociais, lá em 2014, quando o Polo, o labrador do título, reinava sozinho e soberano.
Foi durante minha primeira visita ao Rio de Janeiro (RJ) que descobri esse cachorro conhecido entre os locais por praticar stand-up paddle em Ipanema e pular da Pedra do Arpoador. Nunca os encontrei pessoalmente, mas lá se vão mais de dez anos acompanhando os labradores que batem ponto na praia todas as manhãs. Depois do Polo, veio a Mika e, alguns anos depois, o Toddy. No ano passado, o elenco ficou completo com a chegada de Diana, a primeira filha humana de Ciça Canetti, responsável por tudo (e por todos).
A ideia de fazer essa lista veio de um post recente em que ela explica que o perfil nunca foi sobre um cachorro ou outro, “e sim sobre amizade, companheirismo, sobre a parceria entre humano e cachorro, sempre permitindo que cães sejam cães, porque é isso que eles merecem”. A Ciça é excelente em capturar a personalidade de seus cachorros e cria roteiros divertidos a partir disso sem nunca esquecer que eles são, acima de tudo, cachorros — e não extensões ou projeções dos humanos ao redor, com emoções e desejos demasiadamente humanos.
Sem exageros, a Ciça foi uma das pessoas com quem eu mais aprendi sobre o que significa ser responsável por um animal. Ver o Polo ficar velhinho me ajudou a lidar com a velhice do Francisco e também a entender que a gente não tem motivos pra ter pena de animais idosos. Quando ele partiu, a visão da Ciça sobre esse tipo tão particular de luto me inspirou tanto que voltei a esses posts inúmeras vezes quando me vi na mesma situação. Ano passado, a Mika partiu após um câncer agressivo, e a forma respeitosa e lúcida com que Ciça encarou — e compartilhou — todo o processo novamente reforçou uma visão de mundo que admiro profundamente. Ciça, você é tudo, entenda!!!!
Em resumo, tudo que você precisa entender e saber sobre ter um perfil pet responsável e ser um tutor decente está no perfil caopanheirolabra, que ainda oferece imagens incríveis do Rio de Janeiro (RJ) todos os dias.
Café e Coronel Django (@cafeprejuizo)





Ok, agora começa o papo de maluco.
Apesar de ser entusiasta de perfis de animais nas redes sociais, eu odeio vários pilares da instituição Perfil de Animal nas Redes Sociais. A principal delas é o Dialeto Cão. Eu não tenho nada contra você fazer vozinha pra falar com seu cachorro e até aceito se você quiser se filmar falando com essa vozinha quando vai mostrar o seu bicho nos Stories. Também não ligo se você quiser fazer um perfil do seu cachorro falando em primeira pessoa. Mas eu realmente detesto a forma preguiçosa como a maioria das pessoas faz isso, abusando de trocadilhos com "AU" e "CÃO" sempre que possível.
Eu gosto de trocadilhos, eu gosto muito de coisas bobas, mas é preciso um pouco mais de respeito com os trocadilhos e as coisas bobas. É preciso, na verdade, de muita sofisticação léxica para realmente se comunicar como um cachorro, e é essa sofisticação que me fez ficar fã da Ana Sanches, responsável pelo perfil cafeprejuizo.
O jeito como ela escreve é absolutamente único, de uma forma que já foi copiada exaustivamente (eu arrumo briga em mesa de bar para defender que esse perfil popularizou o termo "catioro"), mas nunca igualada. Às vezes, rio sozinha ao lembrar de algo que li por lá, coisa boba como "domingo fenas", "feriado mores" ou "noça". Coisas bobas são coisas sérias. Eu consigo ouvir os cachorros conversando na minha cabeça.
Foi por causa do Café que eu chorei de sair ranho do nariz há pouco mais de um mês, quando veio a notícia que ele “voltou para as galáxias” aos 12 anos, após complicações de uma cirurgia. Eu já dei tanta risada com a Família Prejuízo, e em momentos que eu precisava muito, que quis encontrar uma forma de agradecer.
O perfil ainda é atualizado com notícias esporádicas do Django, irmão do Café que foi morar com o pai, e recomendo que vocês visitem as postagens antigas para conhecer o maravioso diário dos sebosíneos e curtir as fotos deles de pijaminhas.
Milo, Poppy, Beckham e Maisie (@mr.milothechonk)





Decidi fazer essa lista porque também queria a oportunidade de reconhecer e celebrar certos talentos escondidos por trás de alguns perfis de bicho nas redes sociais. É o caso de Erika Longo, uma fisioterapeuta de Toledo, Ohio, que nas horas vagas produz e escreve uma espécie de sitcom sobre seus animais de estimação.
O protagonista é o gato Milo, que narra boa parte das histórias. Em seu universo, Milo é o CEO da residência, servido e venerado por seus mordomos (os humanos), enquanto administra seus comensais: a gata Poppy, dependente química de catnip, e o golden retriever Beckham, puro demais para o seu próprio bem. Recentemente, a história ganhou uma nova personagem, a gatinha Maisie, que está sendo treinada para ser o braço direito de Milo.
Os vídeos costumam girar em torno de algum plano maligno de Milo para prender Poppy em caixas ou armários, ou de pequenas crônicas que ilustram o dia a dia da casa e mostram como Milo é um gato exigente e inteligente, do tipo que desliga a TV se alguém muda de canal (ele adora Bob Esponja) e sabe distinguir entre as melhores marcas de toalhas e água mineral. O uso de trilha sonora é outro ponto digno de nota nas produções de Erika.
Eu adoro acompanhar essa turma, mas o que me fascina mesmo é saber que Erika tem apenas 139 fotos publicadas no seu perfil pessoal, todas básicas, sem nenhuma informação na bio, e sua última publicação foi em outubro de 2023. E essa pessoa é responsável pelo Instagram de um gato com um milhão de seguidores.
É isso que acontece quando as mulheres têm hobbies!
Waffles, Maples and The Spare (@thegoldenbreakfastclub)





A relação entre gatos e goldens retrievers é uma dinâmica que faz bastante sucesso no segmento pet e aqui temos outro exemplo bem sucedido desse arranjo.
Waffles é um gato laranja com polidactilia (um dedo a mais em cada pata) (um gato com polegares!) cuja razão de viver é reclamar de tudo. Na maior parte das vezes, o azedume é motivado por sua irmã Maples, um golden retriever com muita energia, poucos neurônios e que, assim como todo golden retriever, está sempre feliz de ser incluída no que quer que seja — e nada deixa o Waffles mais irritado do que isso.
Outra fonte de aborrecimento é a figura do Spare, o humano substituto, companheiro de sua tutora jamais promovido a pai ou padrasto, cujo grande erro nessa vida foi existir, ocupar espaço e não ser a humana favorita.
Todo domingo, um novo vídeo é postado com a retrospectiva de coisas que deixaram o Waffles irritado naquela semana. Simples assim.
Gosto especialmente da forma como esses personagens foram se construindo e se solidificando a partir de um formato de vídeo bem específico e restrito. A gente sabe pouquíssimo sobre a vida deles e ao mesmo tempo sinto que sei absolutamente tudo que preciso. Também gosto muito que em quase todos os vídeos a família aparece deitada num sofá em L assistindo televisão e a casa deles parece ser o lugar mais aconchegante do mundo.
Quero ser assim quando crescer.
Café, Bob, Gatão, Mits (@rafadomika)





Vocês já devem ter percebido que todos os perfis que citei até agora estão alocados no Instagram. Esses são os meus traços de millennial aparecendo. O perfil rafadomika conquistou seu lugar nessa lista por ser o responsável por me fazer fixar base no Tiktok. Depois que o algoritmo me mostrou um vídeo deles, comecei a voltar ao aplicativo todos os dias em busca de um pouco mais, do jeito que o diabo gosta.
Aqui temos o cotidiano de quatro gatos: Mits, idoso e reservado, Bob, o gato coxinha, Gatão, o gato gente boa, e Café, um gatinho preto completamente maluco. Por causa dele, meu novo sonho é ter um gatinho preto completamente maluco também.
As histórias são narradas pelo Rafa, com seu tom monocórdico característico. Se eu não me engano o Rafa trabalhava com contabilidade antes de virar criador de conteúdo em tempo integral, uma virada de carreira que celebro porque ele é realmente muito talentoso. Gosto muito de um certo flerte com o absurdo presente em alguns vídeos, o que faz lembrar um pouco aquelas vinhetas estranhas exibidas no Cartoon Network nos anos 90.
Vez ou outra temos também a participação do Jackson, marido do Rafa, que parece ser a pessoa mais divertida do mundo. Eu queria muito ser amiga deles e visitar o apartamento de 40m2, onde toda a magia acontece, e então beber uma gin tônica com o Jackson e depois escovar os 4 gatos com a escova vaporizadora.
Abby, Cleo e Marcy (@cleolonglegs)





Se o David Lynch tivesse nascido em 2002, era isso que ele estaria fazendo na internet: esquetes cômicas e meio absurdas sobre três cadelas borzoi cujo humor se deve, na maior parte do tempo, ao fato delas serem muito compridas. Como uma mulher alta de pernas muito compridas e ansiedade paralisante, eu me sinto um pouco como elas. Representatividade importa.
Espero que o David Lynch tenha tido algum contato com o perfil cleolonglegs antes de morrer.
Isso é tudo que vocês precisam saber. RIP.
Ezequiel e a turma da fazenda (@elianecavalcante7)





Eu falo muito sobre cachorros, mas meus animais favoritos são mesmo os cavalos. Cavalos são simplesmente magníficos!!! Pode-se dizer que eu sou uma horse girl e se eu tivesse muito dinheiro, meu hobby de rica seria criar cavalos resgatados, quantos eu conseguisse manter.
Enquanto isso não acontece, o que me resta é acompanhar a vida idílica de Eliane Cavalcante.
Eliane é uma mulher de meia-idade, psicóloga, “casada, cristã, mãe e avó, apaixonada por toda forma de vida”, segundo consta em seu perfil. Todo o seu feed é composto por vídeos sem edição, legenda ou contexto, uma fresta que se abre sem aviso para o seu mundo, o Sítio Recanto Feliz, lugar em que ela vive cercada de animais, sendo um deles o cavalo Ezequiel.
Como não ser feliz?
Ezequiel aparece todos os dias na janela enquanto Eliane faz café e os primeiros raios de sol surgem ao fundo. Ela lhe dá frutas e ele fica por ali até o momento em que ela sai para o trabalho; quase todos os vídeos repetem essa mesma rotina, os animais aparecendo no frame enquanto a manhã de uma mulher normal se desenrola em plano sequência.
A voz da Eliane me acalma e faz todo o sentido que ela seja psicóloga, mãe, avó e cristã, apaixonada por toda forma de vida. Ela chama todos os seus bichos de filho ou filha e eu me sinto um pouco filha de Eliane também. Sei que provavelmente nunca vou morar num sítio e acordar todo dia às 5h da manhã feliz da vida para dar mamão pro meu cavalo adolescente, mas gosto que perfis como o dela existam para que eu possa, de certa forma, alimentar essa fantasia que tenho e talvez sempre vá ter.
Merlin, Maverick, Muffin e etc (@merlinthepig)





“What an interesting life!”, exclamou Mina Alali enquanto ajudava o bezerro Muffin a se acomodar no porta-malas do carro algumas horas antes do dia amanhecer.
O intuito daquela missão era reunir a família no quintal de sua casa para aparecer no jornal Good Morning Sacramento, que naquele dia estava contando a história da cidadã local que tem um porco que se comunica através de botões. Dentre outras coisas.
Se você acompanha bichos na internet com algum afinco, é provável que já tenha topado com o segmento Bichos Que Falam Através de Botões, uma forma extremamente avançada de treinamento behaviorista (recomendo esse perfil para se aprofundar no assunto).
Merlin, o porco, é um desses bichos.
Porcos são animais extremamente inteligentes e suas habilidades cognitivas podem ser comparadas com as de uma criança de três anos. Eu comecei a acreditar nisso quando fui impactada pela primeira vez por um vídeo do porco Merlin brigando com sua dona através dos botões e depois batendo a porta do quarto atrás de si, tal e qual uma criança birrenta.
Isso já seria atração suficiente para um perfil nas redes sociais, mas nossa amiga Mina não brinca em serviço. Ela e sua família resgatam animais e foi assim que ela terminou com um porco, um cachorro, um lagarto, alguns ratos, dois pombos e dois novilhos, todos com nomes iniciados com a letra M.
Os animais bovinos vivem em uma fazenda (com cabras!) perto da cidade, mas todos os outros moram todos na mesma casa, junto com Mina e seu noivo Alex. Os dois, aliás, se conheceram pelo Instagram e Mina chegou a pensar que o primeiro encontro tinha sido apenas uma desculpa para Alex ter um meet and greet particular com Merlin, porque esse é o tipo de coisa que ela lida no seu dia a dia. Realmente, uma vida interessante.
Existe uma voz no fundo da minha consciência que quer problematizar toda essa dinâmica e o fato do coitado do porco estar sendo usado para sustentar essa família através de conteúdo nas redes sociais. Mas existe outra voz, uma voz que vem do abismo, que só quer ver um porco apertar um botão que diz “fuck!” porque sua dona está demorando demais para lhe dar um cubo de gelo.
Espero que vocês entendam.
Eu gritei pro abismo e ele me gritou de volta que nenhum vídeo de bichos fofinhos é capaz de salvar as redes sociais do ideário fascista dos milionários donos de big techs. Seguimos.
Em outras notícias
Já que estamos falando de animais, preciso dizer fui profundamente impactada pela aparição de um peixe abissal visto pela primeira vez na superfície do mar. São tantas coisas impressionantes: saber que o tal “diabo negro do mar” é minúsculo, a ideia de que é a primeira vez que um animal desses foi fotografado e filmado, e pensar que essa bichinha (é uma fêmea!) nadou cerca de 200m até a superfície atraída pela luz que eventualmente iria matá-la.
Não paro de pensar nos pesquisadores que ficaram horas olhando aquele peixe nadar, até que ela morresse. Quando vi esse vídeo pela primeira vez achei que fosse montagem. Juro, era esse tipo de tragédia romântica que eu esperava quando fui assistir o Nosferatu, mas a natureza entregou muito mais que o Robert Eggers.
No New York Times saiu uma matéria engraçada sobre as pessoas que tiveram reações excessivamente emocionais por conta da diabinha. E aqui tem algumas curiosidades interessantes sobre essa espécie e sua forma de acasalamento.
Fui pesquisar sobre o arquétipo das horse girls para escrever esse texto e descobri que existe uma página no WikiHow sobre elas (nós).
Pra vocês não acharem que eu sou uma alienada que passa o dia vendo vídeos de bichinho na internet, minha obsessão dos últimos tempos foi a série de reportagens que a NY Mag fez sobre transferência geracional de riqueza.
Isso aqui:
A música que abre a edição de hoje é uma homenagem ao Grammy da Chappell Roan. Enquanto editava esse texto, finalmente disponibilizaram a íntegra da sua apresentação durante a entrega dos prêmios. Isso também me deixou muito feliz.
Ufa, agora acabou!
Obrigada pela companhia e por chegar até aqui.
Na parte séria dessa edição, compartilhei um monte coisas meio patéticas de se admitir publicamente e agora dobro a aposta da vulnerabilidade ao confessar que tive uma certa crise de identidade quando percebi que eu não era mais dona (ou tutora, como você preferir) de bicho nenhum. Quem sou eu agora que não tenho mais o meu cachorro comigo?
Eu me preparei muito para ver todo mundo ao meu redor ter filhos enquanto descubro o que quero da vida, mas não ter um bicho parece ainda mais fora da curva, ao menos nesse microcosmo de modernos 30+ na cidade grande em que habito. Parafraseando Jenny Lewis na canção “One Of The Guys”, i’m just another lady without a… pet.
Que situação. Enfim, coisas que fiquei pensando.
Espero que tenha curtido essa edição maluca, fofa e divertida assim como eu me diverti escrevendo e revisitando todos os posts. Mas repito: nenhum vídeo de bichos fofinhos é capaz de salvar as redes sociais do ideário fascista dos milionários donos de big techs.
Don’t be a stranger.
Com carinho, e em memória à peixinha das águas abissais,
Anna Vitória
A newsletter mais adorável e fofa da semana chegou na minha caixa de entrada! Que bom que você programa para a parte da manhã cedinho porque já nos garantiu ao menos um sorriso pra começar o dia!
A primeira conta de pet que comecei a acompanhar foi a da saudosa estopinharossi. Os posts mais recentes falam bastante sobre o luto.
Posso indicar alguns que gosto lá no insta? Primeiro os pets dos pilotos de F1: o bulldog vegano roscoelovescoco (do Lewis Hamilton) e os vários bichinhos do albon_pets (do Alex Albon). Gosto também do shirothebuddy (que é um meme vivo), madmax_fluffyroad sempre passeando na mochilinha por NY, embertoyaussie (que me lembra muito um dos meus falecidos cachorros) e a sumidinha chulipacaramelo, a maior fã de caixa de papelão (o meu caramelo chega bem perto desse nível de paixão por qualquer tipo de caixa/embalagem)
Esse texto é um serviço em prol da comunidade!!! Amei! E te deixo uma recomendação também: https://www.instagram.com/orangeisthenewblackandtan/
Eu sigo esse gatinho gringo porque ele tem a mesma condição no cérebro que o meu gato tem, e eles sempre falam muito sobre essa questão, ensinam, apoiam a adoção de animais especiais, é tudo muito fofis.